29.3.07

EDITORIAL

Chega a ser constrangedor circular por Campo de Ourique…

Felizmente não sou invisual, não tenho de andar com carrinhos de bebé, nem utilizo bengala ou outro meio de suporte ao andamento. Apenas e raramente transporto o carrinho das compras!

Não sei como é que as pessoas conseguem circular nos passeios e nas passadeiras de peões sem serem massacradas com tanta falta de civismo por parte dos seus iguais e das entidades oficiais…

Viver em Campo de Ourique torna-se por vezes bastante desagradável e presumo que noutros locais existam (infelizmente) situações idênticas, mas é triste ver, no nosso Bairro, cegos presos, encostados às paredes dos prédios, sem descobrir a passagem pelo meio de dois ou dez carros. Mais triste ainda é observar esses mesmos cegos a pisar a porcaria deixada pelos cães. Será possível que os seus donos, além de os exibirem - muitos coitados não servem para outra coisa, pelo menos pelo tratamento que recebem como já tive a oportunidade de ver - não pensem nisto ?

O Estado devia-se preocupar, por intermédio das Juntas de Freguesia, em aumentar a qualidade de vida dos seus concidadãos, devolver as ruas aos peões, criando zonas só de passagem automóvel sem estacionamento, aumentando a largura dos passeios como se faz noutros países da Europa e não só. E já agora, aumentar a frota do “motocão”, se não for pedir muito...

Sendo o Bairro de Campo de Ourique o centro comercial de Lisboa por excelência - não descurando todos os outros à sua volta - não seria de bom tom que os responsáveis que o gerem se preocupassem em aumentar a qualidade de vida e por conseguinte os casos de doença provocados pela poluição!

Não acredito que não se encontrassem soluções para o estacionamento desse mar de viaturas que todos os dias invade as ruas deste Bairro… É que toda a gente ficava contente!

Augusto da Fonseca

Graffiti

“É BOM PINTAR EM LISBOA!”

Os muros do nosso Bairro tornaram-se numa gigantesca moldura de graffitis que muitos jovens por aqui decidiram pintar.
Para além dos espaços cedidos pela Câmara Municipal de Lisboa, também conhecidos por “wall of fames” ou “paredes da fama”, no propósito de atenuar as divagações dos responsáveis de tais ímpetos de “arte”, os desenhos e as assinaturas tendem a alastrar-se pela cidade, tal cogumelos o que parece um fenómeno cada vez mais difícil de travar.

Passaram já 14 anos desde que a palavra “Clear” integrou o conjunto das assinaturas que subscrevem as paredes anónimas da Capital. Campolide foi um dos maiores alvos, “por ali estar a linha de comboio e por ser um bairro típico”, motivos que para os moradores poderão ser uma afronta ou um privilégio…
Foi no intuito de compreender a mente dos graffiters que, tal Mouros, nos tomaram o Bairro, que o JB se dispôs a prosseguir com esta entrevista.

Que impulso foi esse que te levou a graffitar?
Comecei a pintar quando tinha idade de jogar à bola mas não tinha jeito para jogar à bola e optei por pintar paredes. Pensava e continuo a pensar que sei desenhar, na altura tinha o intuito de fazer coisas bonitas, de passar uma mensagem às pessoas. Em vez de pintar quadros comecei a pintar paredes, mas queria fazer arte e não vandalizar. É assim que se começa…

Tornaste-te conhecido quando fizeste o teu auto-retrato numa estação de comboios...
Sim, fiz esse auto-retrato no dia em que tirei a carta de condução. Estava muito contente, tinha feito 18 anos e copiei a fotografia da carta. Muitas pessoas disseram que o desenho estava bem feito, que se percebia que aquele era eu. Essa foi a melhor fase do graffiti e estou arrependido de não ter feito coisas mais bonitas!

Porque é que continuaste a pintar sabendo que o graffiti é ilegal?
Sabemos que o fruto proibido é o mais apetecido e eu era novo, gostava da abordagem crítica das pessoas… graffiti traz fama e a fama vicia, posso dizer que continuei porque fiquei viciado nessa fama!

Acreditas então que os graffiters querem ser famosos?
Quero dizer que a pintura ilegal consiste num grupo de miúdos em busca da fama. Isso pode ser motivado por falta de reconhecimento… a maior parte deles tem dificuldades na escola e problemas sociais ou familiares. Há sempre uma disfunção e eles procuram o reconhecimento no graffiti, porque para fazer bombing não é preciso ter jeito nenhum para desenhar!

E tu, já tiveste o teu minuto de fama?
Posso dizer que fui bom no nosso grupo...

Quais são as principais diferenças entre pintar numa wall of fame e num espaço proibido?
A grande diferença é que numa wall of fame, que é legal, podemos estar a pintar um dia inteiro, demorar uma hora a fazer um só traço e criar uma verdadeira obra de arte… numa parede ilegal temos de coordenar a rapidez com a beleza do lettering e com a adrenalina… temos de conjugar tudo de forma a fazer uma coisa bonita o mais rápido possível!

Defendes a teoria de que o graffiti é uma linguagem?
Sim, tanto no bombing como no wall of fame! Se aprofundarmos o estudo da letra compreendemos que no bombing funciona como um anúncio publicitário, em que as cores da marca ou do logótipo são mais berrantes e explícitas para chamar a atenção. O que fazemos é para ser reconhecido por nós, não utilizamos arco-íris, escolhemos cores do terror, mais escuras! Queremos ser reconhecidos pela evolução do estilo, da própria letra! O bombing tem como objectivo causar impacto enquanto o wall of fame é mais subjectivo. As pessoas têm de parar para compreender a mensagem que o artista tenta passar, como acontece com um quadro.

“Uma parede pintada está condenada a sê-lo para o resto da vida”

Qual é o significado de “Clear”?
Eu comecei a pintar com um amigo que é o Loud e mais tarde com o Tape. Mais tarde juntei-me a outra crew, pintávamos “Loud ‘n Clear”, que significa alto e bom som. Adaptei-me e evoluí as letras, se bem que no início Clear não me dizia muito…

E que mensagem é que podemos apreender das pinturas dos “toys”(graffiters inexperientes)?
Apreender ou repreender? Qualquer pessoa que queira aprender a tocar piano tem de começar por afectar os tímpanos dos vizinhos… Não podemos recriminar um miúdo que se esteja a iniciar, porque um dia pode vir a fazer coisas bonitas! Até há quem saiba desenhar em condições e opte por estragar as paredes apenas para ter fama…

A falta de qualidade dos graffitis pode tornar a aparência da cidade nefasta?
Não podemos criticar a qualidade de um graffiti! Muitas pessoas vão a exposições da Paula Rego por gostar apenas de um quadro, os restantes não lhes dizem nada! Há outros riscos e rabiscos por aí que também não são correctos e que podem ser considerados crime, como juveleo, cdu ou psd!

Que soluções darias para salvar as paredes vandalizadas?
Eu sou apologista de passar por cima do que não está bom, mas não acredito que seja uma grande salvação, porque a partir do momento em que uma parede é pintada está condenada a sê-lo para o resto da vida. Existem estudos a este respeito: se uma parede estiver limpa há vários anos, os graffiters pensam que há ali qualquer coisa, como um dono maluco com uma caçadeira, ou um vizinho que é polícia, ou tem câmaras… A partir do momento em que um miúdo ali faz um tag, aquela parede será sempre massacrada. E mesmo que uns achem a pintura bonita, outros não gostam e pintam por cima ou simplesmente a destroem por rivalidade… atrevo-me mesmo a dizer que pintar uma parede se torna num ciclo vicioso!

Como funciona o mundo das crews que competem entre si e não admitem bites (imitações de estilo) ou crosses (pintar sobre trabalhos alheios)?
Sinto-me à parte desse mundo… por muito que já não pinte continuo a ser amigo da minha crew, mas quando acontecia gostar do trabalho de alguém que estivesse em litígio com o mundo eu não deixava de pintar com ele… para o conhecer, para convivermos e bebermos uns copos. A minha vida sempre foi essa, não entrar em guerras com ninguém, pintar porque gosto!

Concordas com os throw-up’s (assinaturas) que muitas vezes são feitas nas paredes?
Adoro! Por vezes ainda os faço… quando a noite corre bem, estamos contentes e passo numa parede que me agrada e onde gostava de fazer uma coisa em condições, acabo por fazer um trow-up! É fácil, é rápido e fica bonito! Ainda ando com algumas latas no carro…

“Graffiti é arte vandalizada!”

Tendo em conta as freguesias existentes no nosso Bairro, confessa-nos: qual é a que preferes pintar?
Gosto de pintar em Campolide por ali estar a linha de comboio e por ser um bairro típico de Lisboa. A finalidade do graffiti é ter uma fotografia para o recordar e uma foto num bairro tradicional português fica sempre muito bonita!

Porque é que muitos graffiters trocaram as paredes pelos comboios?
É pela fotografia, pela fama e também pela adrenalina! Para pintar um comboio é preciso ficar a noite inteira no local, com os amigos, para tirar a fotografia matinal! Cada fotografia que vejo permite-me recordar a noite que vivi e por mais horrível que o graffiti tenha ficado, gosto de todos os que fiz!

Qual é a parede mais fascinante da cidade de Lisboa?
Mais fascinante ou mais apetecível? È uma pergunta difícil… talvez a parede do aeroporto!

Já alguma vez foste apanhado?
Já fui apanhado umas 4 vezes. Fui para a esquadra e fui agredido pela polícia. A polícia bate a qualquer miúdo que apanhe a fazer graffiti, mas esquece que nem todos são ignorantes! A partir do momento em que a polícia bate, perde a razão e nesse momento somos nós que devemos apresentar queixa! Além disso, a polícia só pode avançar se estivermos a pintar uma parede que pertença ao Estado! Também já me aconteceu ser surpreendido a pintar um comboio em Setúbal. Nós ainda não sabíamos, mas aquele sítio estava a ser massacrado e a polícia andava atenta… fugimos todos, eu corri e escondi-me debaixo de um carro. O polícia enganou-me! Passou com umas latas a abanar, eu espreitei e ele disse “corrias muito mas não foste muito esperto!” e então seguimos para a esquadra. Eles perguntaram quem eram os meus amigos e à medida que eu dizia que eram estrangeiros eles iam-me dando chapadas. Acabei por não dizer nada mas por apanhar muita porrada!
Apresentei queixa contra a polícia e fui a tribunal passado um ano, onde me condenaram a pagar a pronto uma multa de 480 euros, que correspondia à pintura do comboio!

Vale a pena avançar para campanhas de sensibilização que evitem mais muros pintados?
Essas campanhas já existem no Algarve! Os municípios afixaram placares a dizer “não faça graffitis nesta parede”, pois existem locais próprios para fazê-lo! Eu gosto do Algarve e respeito essa mensagem, nem é pelos turistas que para lá vão, é para respeitar a natureza, a praia… se pintasse o placar era só para ficar com a fotografia, mas não vale a pena desrespeitar…
Lisboa, por exemplo, é uma cidade boa para pintar, é bom pintar em Lisboa!

E investir na limpeza das paredes?
É caro! Penso que a forma de evitar o vandalismo nas paredes é sensibilizar os toys, oferendo-lhes muros para pintarem livremente. O objectivo de quem começa a pintar é fazer coisas bonitas!

O que farias se te deparasses com alguém a pintar uma estátua, como aconteceu com a de Fernando Pessoa, no Chiado?
Essa pessoa nunca mais jogava no meu clube! Isso é muito mau, arte não destrói arte!

Que mensagem tens a passar à população que não gosta de graffiti?
Há pessoas que cospem para o chão e eu também não gosto, limito-me a respeitar… Quer cuspir, deixa-o cuspir…

Depois de toda esta conversa resta perguntar: graffiti é arte ou vandalismo?
Graffiti é arte vandalizada!

Mónica Almeida

Ermida da Cruz das Almas

UM SANTUÁRIO VEDADO AOS VIVOS

Imponente mas quase “invisível” e desbotado entre a fachada luminosa de uma farmácia e de muitos outros espaços comerciais, o sino da Ermida da Cruz das Almas, na Rua de Campolide parece ter emudecido há largas dezenas de anos e é em silêncio que promete continuar.

Construída no século XVIII, “nos tempos do Marquês de Pombal tal como todos os prédios aqui” conforme explicou um morador ao Jornal do Bairro, a Ermida da Cruz das Almas já foi motivo de disputa entre católicos e membros de outras confissões religiosas, mas agora serve apenas a solidão!

“A Capela chegou a ser alugada por 1$00 à Igreja de Santo António de Campolide”, facto esse confirmado por Filomena, do cartório da infra-estrutura Paroquial.

Esse escudo, na moeda antiga, “era um valor simbólico que se pagava na intenção de não deixar a Capela nas mãos dos Manás”, mas ao que tudo indica, os próprios católicos tiveram dificuldades em tomar conta da situação.

A Ermida ostenta uma cruz que se ergue no seu topo e um sino que ladeia o néon indicativo de uma farmácia, mas está encerrada e esquecida, talvez por se tratar de propriedade privada...

Apesar da Capela constar no Inventário Municipal do Património, pertencendo ao conjunto de edifícios com interesse histórico e arquitectónico da capital e que por isso, de acordo com o artigo 13º, deveria ser “objecto de normas de intervenção nos Planos de Urbanização e de Pormenor e nos actos de gestão urbanística”, não tem obras destinadas. O arquitecto do gabinete de Urbanismo da Câmara Municipal de Lisboa que está responsável “pelos processos que os particulares põem à sua responsabilidade” em relação a este espaço, avançou ao Jornal do Bairro que desde 2003 não existem pedidos para avançar com quaisquer trabalhos.

“A Capela não tem electricidade, água nem casas de banho e sempre a conheci fechada” esclareceu um freguês.

Segundo a revista Campolide, propriedade da Junta de Freguesia, o interior da Ermida “possui um rodapé de azulejos do Rato, a três cores, com composições alegóricas, tecto estucado e também com pinturas alegóricas. No altar, uma interessante escultura de Cristo em Marfim, ladeado por imagens de Santa. Teresa e de São Domingos. Ao fundo, um retábulo de Nossa Senhora da Conceição e sobre a pedra da Ara uma maquineta com a cabeça de Cristo coroada de espinhos. Tem ainda um púlpito e um pequeno coro. Na sacristia existe ligação com a casa solarenga que terá pertencido aos Cadavais”.

Os vizinhos abordados nunca ouviram o sino tocar nem se recordam de ali terem assistido a cerimónias religiosas, apenas alguns a visitaram há vários anos atrás! Não só o presente como também o futuro desta Ermida é incerto sendo que não foi possível contactar os seus proprietários até ao fecho desta edição.

Situada em frente da Junta de Freguesia de Campolide, a Capela mantém-se firme, o sino pendurado e a Cruz mais próxima das almas que por ali possam pairar…

M.A.

À Volta da Cruz das Almas

Só uma vez vi patente ao público, não sei se ao culto, a Ermida da Cruz das Almas, já com a fachada degradada que hoje ostenta. Como já decorreram algumas décadas, a minha memória nada reteve do seu interior.
A Ermida da Cruz das Almas fica situada na Rua de Campolide, junto ao cruzamento formado pelas ruas do Arco do Carvalhão, Campolide e Amoreiras. O templo é uma ermida, o que significa que, na época da sua construção, se situava num ermo e era o local de passagem dos peregrinos que demandavam os santuários, existentes nos arredores.
Os dicionários indicam-nos que “ermida” é uma pequena igreja, isolada do povoado, num ermo e a igreja em apreço ficava situada “fora-de-portas”, ou seja, fora dos limites (portas) da cidade de Lisboa, que se quedavam junto à Estrada da Circunvalação (actual Rua Maria Pia). Cruz das Almas e Campolide ainda eram, em finais do século XIX, uns lugarejos da Freguesia de São Sebastião da Pedreira – meio rural, meio urbana – partilhada pelo Concelho de Lisboa e pelo então existente Concelho dos Olivais.
A Ermida da Cruz das Almas era uma das paragens dos romeiros que faziam a sua peregrinação aos santuários do Senhor da Serra e Senhora de Santana, locais de devoção, romaria, arraiais e festa rija. A História e a topografia situam a Igreja junto aos Arco e Alto do Carvalhão, o que nos remete para o século XVIII, pois “Carvalhão” era a alcunha dada pelo povo ao Marquês de Pombal, de seu nome completo Sebastião José de Carvalho e Melo.
Naqueles tempos, a maior parte do território da actual Freguesia lisboeta de Campolide era zona rural, com as suas hortas, olivais, latadas e searas; aliás, Campolide terá como origem etimológica “campo da lide”, isto é, campo da faina (agrícola). O cereal era ceifado e depois moído nos muitos moinhos que então laboravam e que deram origem aos topónimos Rua e Calçada dos Sete Moinhos; o mesmo cereal acabava transformado em pão na Panificação, situada no mesmo edifício da centenária Sociedade Filarmónica “Os Alunos de Apolo”, em Campo de Ourique.
Em finais do século XIX e princípios do XX, o avassalador avanço da capital fez desaparecer a bucólica paisagem de antanho e a Ermida da Cruz das Almas acabaria envergonhadamente escondida entre o casario que a veio cercar.

Fernando J.Almeida

Rua de Campolide insegura

COMERCIANTES QUEREM TRAVAR ACIDENTES!

A Rua de Campolide merece intervenções rápidas! Quem o diz são os comerciantes locais e o próprio vogal da Habitação e Equipamentos avançou que o troço está coberto de buracos e que ainda existem passadeiras por pintar.

Em frente ao Bairro do Tarujo existe uma passadeira para peões que, por se situar numa área onde o tráfego circula com relativa velocidade e que por estar próxima de uma curva tem provocado diversos acidentes. O alerta foi dado por Manuel Canela, proprietário de um restaurante localizado a poucos metros da zebra da discórdia.

Desde que existe, há cerca de 12 anos, a passagem criada para segurança dos cidadãos mantém as habituais partidas, “continuam a existir acidentes, entre eles atropelamentos e há cerca de 4 anos já houve uma morte”, explicou o comerciante, que no passado mês de Fevereiro assistiu a mais um embate em que o peão “ficou muito maltratado, foi internado e ainda está em recuperação”.

Manuel Canela quase já não conta pelos dedos os contactos que estabeleceu com o anterior executivo da Junta de Freguesia de Campolide para resolver esta questão e lamenta que até à data nada tenha sido feito para a evitar.

“Para além de não estar bem sinalizada, está fixada num sítio onde os automobilistas não a vêm… a sinalização está em cima da passadeira quando devia ter uma lomba e um sinal intermitente” avançou, acrescentando que a responsabilidade pelas colisões não será dos automobilistas mas da falta de indicadores. “Ainda este sábado houve um acidente em que o carro ficou todo desfeito” justificou, adiantando que o sentido Setes-Rios – Campolide será o mais problemático.

Carlos Carvalho, vogal da Habitação e dos Equipamentos da Freguesia de Campolide, afirmou desconhecer “completamente” esta questão, tanto na forma escrita como verbal, avançando que todas as contestações populares “são enviadas de imediato à Câmara Municipal de Lisboa”. Depois de confrontado pelo Jornal do Bairro, o vogal esteve no local e declarou que a passadeira “está num sítio visível” e não lhe encontra alternativas, pois se a distanciasse poderia afectar os condutores oriundos da Praça de Espanha.

Para além disso, Carlos Carvalho assume a competência para “a substituição da sinalização”, mas nunca a possibilidade de avançar com novos sinais, que “só podem ser colocados com o aval da Câmara”, explicou.

O vogal declarou ainda ter vistoriado toda a Freguesia com o intuito de assinalar este género de falhas, “temos reclamado constantemente que a Rua de Campolide está cheia de buracos mas não temos capacidade técnica para pôr alcatrão e a Câmara nem sempre responde aos nossos pedidos” avançou, recordando um caso existente na mesma Rua, em direcção ao Bairro da Liberdade, em que os moradores exigem uma nova passadeira.

Ana Paula, do gabinete de Segurança Rodoviária e Tráfego da Câmara Municipal de Lisboa adiantou que este pedido não consta no grupo de solicitações da Freguesia de Campolide, “a única coisa que tenho é de 2006” e refere-se à pintura de passadeiras, que segundo o vogal já começou a ser feita “mas não ao ritmo pretendido”. Quanto às lombas redutoras de velocidade, Ana Paula explicou que não são legais na zona urbana de Lisboa.

Tendo em conta o número de acidentes consumados no local, Carlos Carvalho sugere que esta questão lhe seja remetida por escrito, incluindo quaisquer sugestões que lhe permitam apresentar a proposta à engenheira do Município responsável desta área, para que possa verificar a sua viabilidade.

M.A.

Casal Ventoso

MISÉRIA E EXCLUSÃO SOCIAL…
Mantêm-se!

O Casal Ventoso foi demolido, há alguns anos, mas a degradação na rua D. Maria Pia continua a ser evidente

Quem passa, na rua D. Maria Pia, não fica com a melhor impressão desta zona, que cobre uma das setes colinas da cidade de Lisboa. A maioria das casas estão degradadas e o ambiente que envolve a rua não é dos mais amistosos. Com a demolição do bairro do Casal Ventoso foram muitos os que julgaram ter-se terminado com a miséria, degradação humana que se vivia, diariamente, neste local.

Volvidos alguns anos, o ambiente ainda não é o mais agradável, mas a problemática foi minimizada e o policiamento diário transmite uma certa segurança. A população e as instituições deste Bairro, que envolve as Freguesias de Alcântara, Prazeres e Santo Condestável, foram realojadas nos novos Bairros da Avenida de Ceuta, no entanto é necessário potenciar novas dinâmicas e perspectivas de intervenção local e social, de modo a que se proporcione uma reintegração do tecido humano e, consequentemente, dos problemas urbanísticos existentes.

António Silva, morador na zona há 50 anos, queixa-se dos problemas de toxicodependência que existem e que a demolição do Casal Ventoso apenas veio encobrir, pois a droga continua a ser consumida e traficada, agora, em plena luz do dia. Segundo o mesmo, o único problema é mesmo a droga, pois “aqui ninguém faz mal a ninguém, nem sequer roubos se vêem!”

No âmbito do programa URBAN, que envolve a zona do Vale de Alcântara, limitada a Norte pelo viaduto Duarte Pacheco, a Oeste pela Av. da Ponte, a Sul pela Praça General D. Oliveira e a Este pela Rua D. Maria Pia, a Câmara de Lisboa tem procurado promover a coesão deste espaço público procurando responder às necessidades e prioridades dos moradores e de toda a população flutuante que ia ao Bairro à procura de droga. Desde 1996 tem-se procurado transformar este local numa zona habitável agradável, com espaços verdes, arruamentos, ruas abertas ao trânsito, o que tem sido conseguido aos poucos.

Acabar com a promiscuidade, com a falta de higiene e insegurança existentes no local ainda exige muito empenho e dedicação mas os primeiros passos já foram dados e os resultados são visíveis. Segundo a socióloga Joana Marques, “a massificação do consumo de drogas foi potenciada pela globalização que, com o tempo se foi tornando socialmente incontrolável, criando uma ténue fronteira que separa a coesão da marginalização social. Acabar com este problema não será fácil pois já está muito enraizado na sociedade e acabar com hábitos e preconceitos é mais difícil que criá-los”.

No ex-Casal Ventoso muitos esforços têm sido investidos e crê-se que com a instalação do gabinete de apoio do Serviço de Prevenção e Tratamento à Toxicodependência (SPTT) no local, em 1996, tem-se contribuído em simultâneo para a diminuição da decadência humana e para a prevenção de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), como é o caso da SIDA.

Ainda existe muito trabalho por fazer e muita degradação humana para combater, até se poder observar nesta zona da capital o belo sorriso inocente de uma criança sem antes sobressair o olhar moribundo e degradante de um ser humano que não tem nenhum objectivo de vida, além da dose diária de estupefacientes que tem necessidade de consumir.

Marlene Henriques

Desporto

JUDO

TORNEIO INTERNACIONAL DE COIMBRA 2007
Portugal conquista 10 medalhas!

Portugal conquistou este fim-de-semana 10 medalhas no Torneio Internacional de Coimbra 2007 destinado a juniores sub-20. A prova esteve muito forte com 13 países a participar com mais de 200 atletas, distribuídos por 14 categorias.

Portugal conquistou 2 medalhas de ouro com Daniel Costa nos -66Kg e Catarina Correia nos -48Kg em duas finais muito disputadas.

Portugal obteve bons resultados, assim como a França com 11 medalhas, a Espanha com 10 medalhas, seguidos pela Áustria e pela Tunísia, ambas com 6 medalhas.

Os restantes países participantes foram USA, Brasil, Israel, Espanha, França, Bélgica, Áustria, Noruega, Georgia, Croácia, Chipre e Tunísia.

HÓQUEI EM PATINS

CAC Ourique duplamente vitorioso
caminha para ser campeão da 3ª Divisão

O Clube de Ourique continua a sua caminhada tranquila rumo ao título de campeão da 3ª Divisão. Com dois jogos iniciais de grau de dificuldade enorme, conseguiu inverter o favoritismo dos adversários e venceu os dois encontros. As duas vitórias conseguidas catapultam o clube para a primeira posição completamente isolado e já com uma vantagem confortável. Teoricamente, a equipa de Ourique vai defrontar na última jornada da primeira volta o opositor mais fraco, o GD Vialonga. Com a vitória mais do que provável deste jogo, o CAC Ourique dará um passo sério na conquista do título da 3ª divisão.

L.P.


Desporto

Liberdade Atlético Clube em Festa

Para celebrar os 72 anos de existência, o Liberdade Atlético Clube vai organizar um almoço comemorativo, que terá lugar no próximo domingo, dia 1 de Abril.

Foi no dia 1 de Março que a ideia de um grupo de 35 amigos, entre os quais se distinguem Joaquim Marques de Almeida, Casimiro Rodrigues e Raimundo José Rodrigues, tomou formas reais dando origem ao nascimento do Clube.
Fruto do crescimento de uma forte amizade e “da necessidade cada vez maior de se associarem para juntos desenvolverem a prática da cultura física e do desporto e das suas próprias actividades culturais e sociais”, o Liberdade é já um velhinho mas cuja camisola continua a ser defendida por muita malta jovem.
Apesar da festa se concretizar no Dia das Mentiras, o anúncio é real, pelo que poderá marcar o número 91 465 97 03 para reservas e mais informações.

Automóveis

Isuzu D-MaxUma nova dinâmica

A fechar com chave de ouro do mês de Março, a Isuzu lançou a sua 6ª geração pick-up, a qual dá pelo nome de D-Max. Duas renovadas motorizações, um novo visual exterior e interiores mais modernos, são alguns dos argumentos a que se juntam três novas configurações de carroçaria. Quanto ao preços, a marca anuncia diferenças pouco significativas face à anterior geração.

Produzidas na Tailândia as pick-up da Isuzu têm vindo sofrer uma evolução bastante consistente, a qual lhes permite encararem a sua concorrência com alguma tranquilidade.
A nova Isuzu D-Max conta com duas gamas, L e LS e dois motores revistos em alta: o 2.5 litros de 136 CV e 294 N.m e o 3.0 litros, que debita 163 CV e produz um binário de 360 N.m. Refira-se que este última motorização pode ser equipada, opcionalmente, com caixa de velocidades automática.
Quanto ao design exterior, esse está agora mais cativante e moderno, tanto nas versões de lazer como de trabalho. A isso se deve os novos painéis da carroçaria, a nova grelha frontal, os faróis com projector nas opções de topo, a entrada de ar do turbo no capot, novo desenho dos guarda-lamas e da porta da caixa de carga. Na gama LS realce para o novo pára-choques traseiro e para as jantes em liga leve.
No habitáculo, desde os tecidos ao volante, passando pelo apoio de braços e o painel de instrumentos (que inclui agora um computador de bordo), bem como pelos comandos do ar condicionado e o selector de transmissão, tudo é novo. Na versão mais potente estará disponível o cruise control.
Com maior capacidade de reboque do mercado, a Isuzu D-Max apresenta ainda o melhor ângulo de ataque e a melhor altura ao solo, tendo ainda a particularidade de permitir passar de 4x2 para 4x4 em andamento
Em termos de carroçarias, as novidades na gama L são as versões 2.5 Chassis/cabina Simples 4x2 L (com 3 ou 4 lugares e caixa metálica opcional) e 3.0 chassis/cabina Simples 4x4 L. Na gama LS a estreia cabe à opção 2.5 Cabina Longa 4x4 LS ( de 3 ou 4 lugares).
Em termos de preços o leque começa nos 16.950 euros da D-Max Chassis/cabina Simples 4x2 L e termina nos 29.500 euros da 3.0 Cabina Dupla 4x4 LS Isuzotronic.
Para terminar, saliente-se que a Série N da Isuzu apresenta também novidades.

Túlio Gonçalves

Automóveis

Renault Clio III 1.5 dCi Dynamique Luxe 85 CV

Um compromisso sério

Uma indesmentível agradabilidade de condução, onde o conforto não é palavra vã e um bom nível de equipamento, são apenas alguns dos bons atributos desta proposta da marca do losango. Isso porque, apesar dos seus 85 CV, o motor revela-se um bom compromisso entre desempenho e economia.

É certo que para muitas bolsas os 22.100 euros pedidos pelo Renault Clio III 1.5 dCi de 85 CV, com o nível de equipamento Dynamique Luxe, serão pouco convidativos. Contudo, o equilíbrio geral desta proposta acaba por atenuar esse factor.Para começar temos o ambiente interior onde a qualidade dos materiais e de construção, bem como o equipamento e a instrumentação, contribuem para o conforto de todos os ocupantes. Estes contam com uma mala de 288 litros da mala para o que der e vier.
Relativamente ao condutor, este desfruta de uma correcta posição de condução, onde o banco envolvente e de bom apoio lombar, a par do volante e demais comandos garantem uma grande agradabilidade de utilização.
O motor 1.5 dCi de 85 CV demonstra-se à altura das solicitações, mesmo a mais prementes, sendo que conta com um eficiente binário de 200 N.m para vencer as habituais exigências do pára-arranca e das recuperações citadinas. A caixa de cinco velocidades é também agradável de manusear.
Por seu turno, as suspensões alinham pelos já reconhecidos pergaminhos da casa de Billancourt em termos de conforto. Não só digerem bem as irregularidades dos pisos do nosso bairro, mas também proporcionam um bom rolar em auto-estrada. Nos momentos de condução mais fora da lei, coadjuvam a acção do seu equilibrado chassis. A travagem é eficaz e assegurada por discos ventilados dianteiros e traseiros.
Enfim, no cômputo geral estamos perante um bom leque de argumentos que, para nós, encontra o seu expoente máximo na lista de equipamento. Da mesma, e dado a sua extensão, destacamos os seis airbags, o sistema de parqueamento (muito útil na difícil luta de estacionar), auto-rádio com comandos no volante, regulador e limitador de velocidade, quatro vidros eléctricos automáticos, espelhos reguláveis e recolhíveis electricamente. Refiram-se ainda o banco do condutor ajustável em altura e apoio lombar, volante em pele regulável em altura e profundidade, ar condicionado automático, faróis automáticos e faróis adicionais de viragem, ESP + ASR, entre muitos outros itens.

Ficha Técnica

Cilindrada (cc) 1461
Potência máx. (CV/rpm) 85/3750
Binário máx. (N.m/rpm) 200/1900
Emissões CO2 (g/km) 117
Velocidade máx. (km/h) 174
Aceleração 0/100 km/h (seg.) 12,7
Consumo misto (l/100 km) 4,4
Preço versão (€) 22.100

T.G.

Etiqueta

A Arte de Conversar

“Não falarei mal de nenhum homem e falarei tudo o que souber de bom de cada pessoa”
Benjamin Franklin

Benjamim Franklin mostra-nos, através desta citação, as características de conversas de pessoas que apresentam não ter preparação cultural, baseando os seus discursos nos boatos, na cusquice e, muitas vezes, na maledicência.

“A Arte de Conversar” é, nos nossos dias, uma ferramenta fundamental para as nossas relações sociais. Saber e tentar livrarmo-nos de situações menos agradáveis pelas quais passamos no quotidiano, em que muito facilmente nos deparamos com pessoas que estão longe de saberem a arte de falar e ouvir. Saber falar requer a existência de uma interacção entre todos os presentes.

Saber ter uma conversa, saber utilizar correctamente a linguagem verbal, mantendo um bom nível de diálogo revela o nosso nível cultural, as experiências de vida que imprimimos à nossa maneira de ser e de viver, revelando quase sempre, para não dizer sempre, quem é que nós realmente somos. Por esta razão, a forma como comunicamos com os outros representa o espelho daquilo que somos e do que queremos expressar.

Embora a habilidade de falar e comunicar com os outros possa ser desenvolvida, muitas pessoas não têm consciência dessa possibilidade e não acreditam em si próprias, fugindo muitas vezes das oportunidades que lhes são oferecidas, sentindo-se desconfortáveis quando obrigadas a fazer o uso da palavra, seja em público ou em privado, i.e., numa reunião, durante negociações, aquando da realização de uma entrevista, etc.

Todos nós temos capacidade para saber falar bem. É evidente que alguns têm mais facilidade que outros, mas com técnica, esforço, treino e dedicação não há obstáculos que não possam ser superados. Para isso, é necessária a preparação prévia e o conhecimento necessário do assunto a ser abordado. Não há nada pior do que demonstrar insegurança e desinformação a respeito do que se está a falar.

Independentemente da posição que temos na sociedade, não nos devemos esquecer que é fundamental o cuidado a ter com o que falamos para não ferir a nossa imagem, ou a dos outros. Em termos de etiqueta, esta é uma regra fundamental: O RESPEITO PARA COM AS PESSOAS. Falar sobre alguém em formato de cusquice e maldade não trará por certo bons resultados, principalmente porque fará de si alguém desagradável, não sendo merecedor de confiança de quem o cerca.

Saber conversar é, por isso, uma arte, devendo-se ter sempre presente a nossa sensibilidade, inteligência, boa formação e informação.

Manter-se bem informado não é, no entanto, suficiente para uma boa conversação. É preciso dar dimensões empolgantes às ideias e aplicar novos conhecimentos em diálogos produtivos. Para isso, é fundamental saber como iniciar a nossa conversa, evitando-se palavras ou expressões geradoras de antipatia, crise, antagonismo ou desprazer. Convide o outro para ouvi-lo, mostrando-se uma pessoa interessante. Assim:

1º - Primeiro, OUÇA. Saber falar é, antes de tudo, saber ouvir;
2º - Encoraje o outro a falar, fazendo-lhe perguntas;
3º - Faça um comentário que o leve a falar dos seus passatempos, do seu trabalho, de temas culturais, etc.

Evidentemente que saber perguntar também é uma arte. Antes de fazer uma pergunta procure ver que tipo de resposta é que a mesma pode provocar, devendo-se evitar, por exemplo:

- Detalhes da vida particular da pessoa sem se ter intimidade para isso;
- Perguntas directas que envolvam dinheiro, afectividade, etc;
- A idade da pessoa;
- Perguntar se ainda está casada (o);
- …

Quando a conversa é em grupo, devemos ter em consideração o seguinte:

- Não ser o centro das atenções, atraindo para si o foco da conversa, a não ser que tenha algo muito importante para relatar por apenas alguns instantes;
- Assuntos que integrem toda a gente e incentivem a discussão sobre o tema;
- Dirija o olhar enquanto fala àquele que ainda não falou, dando oportunidade para que ele também se sinta dentro da conversa;
- Assuntos de interesse comum, fundindo as diferentes personalidades do grupo em assuntos em que tenham ou não a mesma opinião;

Em grupo, ou apenas com uma pessoa, não se esqueça de: Parar (para pensar); Olhar (para o interlocutor que está a seu lado) e Ouvir (ouvir de facto e não apenas mostrar simpatia, fingindo que está a ouvir enquanto a sua mente vagueia por outro lados).

No caso de alguém que tece comentários maldosos a respeito de algo com que não concordamos, fica a sugestão: “O silêncio é a melhor resposta, pois o silêncio também comunica”, evitando-se chegar ao nível da deselegância. Uma boa conversa é sempre enriquecida com:

1 – Humor;
2 – Sinceridade;
3 – Elogios;

Muito mais há para dizer quanto à “Arte de Conversar”. No entanto, acabo por aqui deixando aos nossos leitores a seguinte reflexão: “Nem sempre se pode dizer às pessoas aquilo que elas querem ouvir, mas é possível expressarmo-nos de forma a que elas nos queiram escutar”.

Dra. Teresa Fernandes