29.3.07

Etiqueta

A Arte de Conversar

“Não falarei mal de nenhum homem e falarei tudo o que souber de bom de cada pessoa”
Benjamin Franklin

Benjamim Franklin mostra-nos, através desta citação, as características de conversas de pessoas que apresentam não ter preparação cultural, baseando os seus discursos nos boatos, na cusquice e, muitas vezes, na maledicência.

“A Arte de Conversar” é, nos nossos dias, uma ferramenta fundamental para as nossas relações sociais. Saber e tentar livrarmo-nos de situações menos agradáveis pelas quais passamos no quotidiano, em que muito facilmente nos deparamos com pessoas que estão longe de saberem a arte de falar e ouvir. Saber falar requer a existência de uma interacção entre todos os presentes.

Saber ter uma conversa, saber utilizar correctamente a linguagem verbal, mantendo um bom nível de diálogo revela o nosso nível cultural, as experiências de vida que imprimimos à nossa maneira de ser e de viver, revelando quase sempre, para não dizer sempre, quem é que nós realmente somos. Por esta razão, a forma como comunicamos com os outros representa o espelho daquilo que somos e do que queremos expressar.

Embora a habilidade de falar e comunicar com os outros possa ser desenvolvida, muitas pessoas não têm consciência dessa possibilidade e não acreditam em si próprias, fugindo muitas vezes das oportunidades que lhes são oferecidas, sentindo-se desconfortáveis quando obrigadas a fazer o uso da palavra, seja em público ou em privado, i.e., numa reunião, durante negociações, aquando da realização de uma entrevista, etc.

Todos nós temos capacidade para saber falar bem. É evidente que alguns têm mais facilidade que outros, mas com técnica, esforço, treino e dedicação não há obstáculos que não possam ser superados. Para isso, é necessária a preparação prévia e o conhecimento necessário do assunto a ser abordado. Não há nada pior do que demonstrar insegurança e desinformação a respeito do que se está a falar.

Independentemente da posição que temos na sociedade, não nos devemos esquecer que é fundamental o cuidado a ter com o que falamos para não ferir a nossa imagem, ou a dos outros. Em termos de etiqueta, esta é uma regra fundamental: O RESPEITO PARA COM AS PESSOAS. Falar sobre alguém em formato de cusquice e maldade não trará por certo bons resultados, principalmente porque fará de si alguém desagradável, não sendo merecedor de confiança de quem o cerca.

Saber conversar é, por isso, uma arte, devendo-se ter sempre presente a nossa sensibilidade, inteligência, boa formação e informação.

Manter-se bem informado não é, no entanto, suficiente para uma boa conversação. É preciso dar dimensões empolgantes às ideias e aplicar novos conhecimentos em diálogos produtivos. Para isso, é fundamental saber como iniciar a nossa conversa, evitando-se palavras ou expressões geradoras de antipatia, crise, antagonismo ou desprazer. Convide o outro para ouvi-lo, mostrando-se uma pessoa interessante. Assim:

1º - Primeiro, OUÇA. Saber falar é, antes de tudo, saber ouvir;
2º - Encoraje o outro a falar, fazendo-lhe perguntas;
3º - Faça um comentário que o leve a falar dos seus passatempos, do seu trabalho, de temas culturais, etc.

Evidentemente que saber perguntar também é uma arte. Antes de fazer uma pergunta procure ver que tipo de resposta é que a mesma pode provocar, devendo-se evitar, por exemplo:

- Detalhes da vida particular da pessoa sem se ter intimidade para isso;
- Perguntas directas que envolvam dinheiro, afectividade, etc;
- A idade da pessoa;
- Perguntar se ainda está casada (o);
- …

Quando a conversa é em grupo, devemos ter em consideração o seguinte:

- Não ser o centro das atenções, atraindo para si o foco da conversa, a não ser que tenha algo muito importante para relatar por apenas alguns instantes;
- Assuntos que integrem toda a gente e incentivem a discussão sobre o tema;
- Dirija o olhar enquanto fala àquele que ainda não falou, dando oportunidade para que ele também se sinta dentro da conversa;
- Assuntos de interesse comum, fundindo as diferentes personalidades do grupo em assuntos em que tenham ou não a mesma opinião;

Em grupo, ou apenas com uma pessoa, não se esqueça de: Parar (para pensar); Olhar (para o interlocutor que está a seu lado) e Ouvir (ouvir de facto e não apenas mostrar simpatia, fingindo que está a ouvir enquanto a sua mente vagueia por outro lados).

No caso de alguém que tece comentários maldosos a respeito de algo com que não concordamos, fica a sugestão: “O silêncio é a melhor resposta, pois o silêncio também comunica”, evitando-se chegar ao nível da deselegância. Uma boa conversa é sempre enriquecida com:

1 – Humor;
2 – Sinceridade;
3 – Elogios;

Muito mais há para dizer quanto à “Arte de Conversar”. No entanto, acabo por aqui deixando aos nossos leitores a seguinte reflexão: “Nem sempre se pode dizer às pessoas aquilo que elas querem ouvir, mas é possível expressarmo-nos de forma a que elas nos queiram escutar”.

Dra. Teresa Fernandes

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