15.3.07

EDITORIAL

Não há muito tempo e ainda não mencionei porque o Jornal do Bairro, nesta primeira fase é um quinzenário, não se proporcionando por vezes uma crítica mais actualizada de factos que de uma forma ou de outra fazem mexer, neste caso, com a sensibilidade do ser humano. Infelizmente também não é para todos…

Quero com isto dizer que não há muito tempo foi transmitido na agora RTP 2, em horário nobre, tipo hora do almoço num fim-de-semana, um programa que se chama “Coutos e Coutadas” criado por algum cérebro da nossa televisão estatal - paga por todos nós e também pelos pais das criancinhas que viram o programa.

Para quem não viu, foi assim: estavam uns energúmenos, atrás de uns taipais forrados a verde - não percebi se foram feitos, se os mandaram fazer ou se são comprados mesmo assim - no alto de uma arriba (pedaço de terra quando o mar acaba), armados com espingardas caçadeiras a rirem-se muito ao ver chegar a terra um bando de belíssimos patos selvagens que tinham feito alguns milhares de quilómetros voando por cima do oceano no seu sublime esplendor instintivo de ave migratória, procurando lugares quentes para nidificar.

Foi então que os animais que estavam em terra atrás dos tapumes - devia ser para os patos não os verem - começaram a disparar e a matar os patos que vinham a chegar e enquanto o faziam divertiam-se muito. Disseram, por exemplo, “aquele já morreu” quando o belo animal deixou de bater as asas em pleno voo. Depois de caírem com os chumbos cravados nas asas eram trucidados pelas mãos criminosas de gente que nem o ar que respira merece e que se rebolava no chão para os apanhar. Já no final da carnificina, cada um dos assassinos trazia à cintura talvez mais de uma dezena de belos animais pendurados e continuavam a rir-se muito, se calhar era porque lá estava a televisão e eles coitados também gostam de aparecer, como outros que eles já viram no pequeno ecrã… Que vergonha para o ser humano!

Pois fiquem a saber que aqueles que matam só têm a aprender com o fabuloso mundo animal, mas é o que há, não há nada a fazer. Também quero aproveitar para agradecer ao responsável do programa em questão e ao director do canal por me ter dado a conhecer este didáctico programa difundido à hora do almoço, num fim-de-semana…A todos um muito obrigado!

Augusto da Fonseca

Cinema Paris

UM EX-LÍBRIS DECADENTE

Considerado “o amplo, o mais confortável e de maior lotação de todos os cinemas em Lisboa" em dias de inauguração, o Cinema Paris viveu tempos de ouro, acolheu famílias, amigos e namoricos de todas as classes sociais, serviu de palco a histórias de amor, de guerra, de ficção e de mudez mas pouco a pouco ele próprio se calou e as vozes que o defendiam tornaram-se surdas para quem ainda pode fazer qualquer coisa para o salvar.
Por sofrer perigo de derrocada deu-se ordem para a sua demolição mas como que tocado por uma varinha de condão milagrosa, logo se suspendeu essa ideia.
Hoje, o Cinema continua fiel a si próprio, mantém o “Paris” em néon, a cor amarelada, acolhe não gente mas pombos e gatos e o filme de “suspense” mantém os seus espectadores agarrados às cadeiras: “o que é que vai sair daqui”?

Inserido na área de protecção da Basílica da Estrela, na rua Domingos Sequeira, no eixo Estrela-Campo de Ourique, o Cinema Paris encontra-se em avançado estado de degradação, a sala de cinema está devoluta e emparedada há cerca de 20 anos e a infra-estrutura sofre perigo de derrocada.

Uma vistoria realizada por técnicos da autarquia, em Setembro de 2002, determinou a urgência de demolição do imóvel face ao risco que o mesmo constituía para a segurança dos cidadãos, havendo o risco de aluimento de tectos e de desagregação da fachada.

No dia 7 de Janeiro de 2003, a notícia fez manchete em diversos jornais nacionais, o proprietário Martins Freitas não mostrava interesse em reabilitar o imóvel e por isso foi intimado pela Câmara Municipal de Lisboa a proceder à sua derribada. Dois dias depois, pareceres do Instituto Português do Património Arquitectónico – IPPAR, desaconselharam a demolição total do imóvel, apontando como preferível a sua manutenção, ainda que parcial, “garantindo a coerência urbana do conjunto envolvente ao monumento nacional da Basílica da Estrela”.

Santana Lopes, que era na altura presidente da CML, optou por suspender a demolição “porque optou por conservar o imóvel para um espaço cultural”, explicou Marta Moreira, assessora do gabinete do presidente nas áreas de Planeamento, Urbanismo e Reabilitação ao Jornal do Bairro.

Negociações em “águas de bacalhau”

Desde que a ordem de demolição foi suspensa, muito foi prometido fazer para garantir a preservação do espaço.

Falou-se na possibilidade de chegar a um acordo com o proprietário através de permuta com outros terrenos, sendo que a troca poderia ser feita por um terreno Municipal junto ao quartel dos Bombeiros de Campo de Ourique.

Sugeriu-se que o Município estiva interessado em recuperar o edifício e convertê-lo num teatro ou num hotel.

Salientou-se a existência de um grupo artístico do Norte interessado na sua exploração.

Apesar de tudo o que foi dito, “qualquer solução para o local deverá passar pela sua reabilitação enquanto espaço cultural” e isso não deverá estar para breve, pois ao contrário dos rios de tinta impressa, “a CML nunca chegou a acordo com os proprietários em relação a uma permuta”, declarou Marta Moreira.

O impasse de anos na negociação entre os proprietários e a autarquia ameaça a segurança das pessoas e bens e garantia há apenas uma: a de que o Paris caiu no esquecimento das pessoas pouco depois do 25 de Abril e a contestação só surgiu na última década, altura em que a degradação do espaço se tornou mais notória.

O Cinema Paris foi inaugurado a 15 de Maio de 1931 pelo empresário Vítor A. da Cunha Rosa mas cerca de quatro décadas depois, já a casa de espectáculos entrava em declínio, acabando por fechar. Foi já abandonado que o Cinema Paris serviu de cenário para o filme "Lisbon Story" de Wim Wenders, em 1994.

Mónica Almeida

O Paris da Minha Infância

Comecei a frequentar o Cinema Paris era ainda uma criança de colo. Não se espante o amigo leitor porque, naquele tempo – anos 40 do século passado – não existiam escalões etários para se frequentar salas de espectáculo. Isto dava origem a situações insólitas e hilariantes: bebés a interromperem o atento silêncio dos espectadores com o seu choro convulsivo e a provocarem intermináveis rios de xixi a correrem por entre as cadeiras da plateia…

Diariamente, decorriam duas sessões: a “matinée”, às 15 h e a “soirée” às 21h, horário mais do que conveniente para servir de complemento a uma boa (ou menos boa…) refeição. Constavam as sessões de dois filmes, um jornal de actualidades e uma curta-metragem de desenhos animados, ou seja, um tanto programa para todos os gostos e todas as carteiras.

O Paris estava programado para prover às prementes necessidades económicas da população do Bairro. As duas primeiras filas da plateia custavam apenas 2$00 (dois escudos); depois existiam as 1ª. e 2ª. plateias e a plateia reservada, além dos 1º. e 2º. Balcões, camarotes e frisas. Existiam, também, umas colunas, plantadas em plena plateia, a suster o balcão e a impedir a cabal visão do ecrã por parte dos “desgraçados” que calhassem atrás das colunas…

O Cinema tinha um óptimo palco, onde se realizavam programas de variedades, alguns transmitidos pela Rádio. Recordo-me da “Hora do Zeca”, em que actuavam dois ilusionistas – pai e filho – vestidos de mandarim chinês, com rabicho e tudo… o pai chamava-se Octávio de Matos (não, não é desse…), o filho era Rogério, mas, mais tarde, adoptaria o mesmo nome do pai, para enveredar por uma longa carreira teatral, ainda hoje existente.

No pátio exterior, ao ar livre, o Eduardo dos Livros vendia, a preços quase simbólicos, livrinhos de anedotas, bandas desenhadas, jornais juvenis para entreter o espectador, durante os intervalos da projecção. Esses intervalos – dois ou três? – eram aproveitados para se frequentar os dois bares – plateia e balcão. Junto ao balcão, estava instalada uma bela sala de convívio – o “foyer” – que se transformava em salão de baile, nas intermináveis noites de Carnaval. Aliás, no Carnaval, toda a plateia se convertia numa imensa sala de baile, a rivalizar com sua congénere, mais selecta, do balcão. “Luz, Cor & Alegria” era o “slogan”, e os bailes eram abrilhantados por “2 – Conjuntos Musicais - 2” e proporcionavam “um esmerado serviço de bufete”.

Nos intervalos da projecção, quem não queria sair do seu lugar para beber ou comer algo nos bares, podia “aviar-se”, pois um pequeno vendedor (não havia leis contra o trabalho infantil…) percorria as filas, vendendo rebuçados, chocolates, pastilhas elásticas, guloseimas diversas e… copos de água (vendida, pois claro! a dois tostões o copo).

O Paris e os outros cinemas do Bairro (e adjacências) foram testemunhas da minha infância e adolescência, da irreverência de jovens, postos na rua (por indecente e má figura) por agentes da Autoridade, devidamente fardados e armados. Também assistiram à turbulência de um povo bairrista, pródigo em “bocas” que oscilavam entre o humorístico e o obsceno.

Como fundo sonoro, ouviam-se sussurros que chegavam a ser incómodos e provocavam os “shiiiu” irados dos espectadores: tratava-se da leitura, em voz baixa mas audível, das legendas dos filmes, feita pelos acompanhantes dos inúmeros analfabetos existentes no meu Bairro (e em todo o meu país).

Fernando J. Almeida

Campo de Golfe das Amoreiras

ENVOLTO EM MISTÉRIO

Quando o Jornal do Bairro se decidiu a escrever sobre o campo de golfe das Amoreiras tentou obter junto da entidade sua gerente, a Empresa Portuguesa das Águas Livres, SA – EPAL, alguns dados históricos e actuais quanto ao projecto que ali foi desenvolvido e que nunca chegou sequer a ser utilizado. Procurámos uma resposta que acabou por surgir no dia do fecho da edição. “Se os administradores entendem não responder às questões terão de ocupar o espaço com um outro tema”, declarou Teresa Vivas ao JB, um pedido que não poderia ser acatado pela nossa redacção!

Muitos transeuntes mais atentos já pousaram os olhos no campo de golfe existente junto às Amoreiras. Nesse campo, não se avistam golfistas, “caddies”, espectadores, carrinhos, tacos ou “air shots” de bolas furiosas sujeitas a partir qualquer vidro do edifício mas apenas um ou outro funcionário que por vezes ali vão aparar a relva.

O campo de golfe foi construído por volta do ano 2000 e é gerido pelo Clube de Golfe das Amoreiras, uma sociedade constituída em 1994, com uma participação de cerca de 60 mil euros e que tinha a intenção de “promover, construir e explorar um estabelecimento destinado ao treino e ensino de golfe naquele recinto, respondendo ao desafio colocado pelo Município para se valorizar e dinamizar o espaço ocupado pelo Reservatório”. De acordo com fonte da EPAL, o Campo de Golfe “nunca existiu realmente” e todas as questões a si associadas “estão em tribunal”, num litígio relacionado com o contrato-promessa celebrado, facto que poderá justificar o silêncio dos 3 administradores e responsáveis por esta área.

A discórdia surgiu em 2001, quando se deu ordem para a desmontagem das Torres existentes no recinto, uma exigência bastante aplaudida pela população local e pelo então ministro do Ambiente, José Sócrates. Nessa ocasião, Joaquim Fitas, porta-voz da EPAL declarou a inviabilidade do recinto vir a ser utilizado, por não haver “qualquer hipótese dos polémicos postes e redes virem a ser licenciados, uma vez que há um parecer negativo do IPPAR sobre o assunto”, declarou então à Lusa. A ideia seria a de repor a situação anterior de forma a dar ao espaço uma utilização diferente. Mas essa alternativa parece ser um mistério longe de resolver!

Para já, o reservatório subterrâneo continua a ser explorado, a água a ser distribuída e utilizada pelos lisboetas e a relva do campo a necessitar de cuidados, em especial agora, que se aproxima mais um Verão.

M.A.

Alfredo Marceneiro

O Fadista Operário

“A tradição nunca finda, ainda ninguém a matou! O presente vive ainda do passado que ficou… E pronto! A volta está finda, para quê andar mais à toa? Se Lisboa é toda linda e se o nosso Bairro é Lisboa?”

Alfredo Marceneiro não foi um mero fadista, pelo contrário, é o fado quem lhe deve bastante!

Filho da Freguesia de Santa Isabel, cantou e encantou Portugal, inventou o fado cantado em pé e alumiado à média luz. Recebeu honras e aplausos dos mais sonantes fadistas da sua geração, como das divas Amália Rodrigues que lhe disse Alfredo tu és o fado!”, ou de Hermínia que afirmou que “se eu não fosse Hermínia Silva gostava de ser Alfredo Marceneiro”.

Um homem dos finais do século XIX e com os costumes próprios desses tempos. Talvez por isso tenha sido difícil convencer Alfredo Marceneiro a gravar o seu primeiro disco. Ele fê-lo contrariado e de olhos vendados. Mais tarde viria a afirmar que “o meu maior desgosto em relação ao fado foi gravar discos. Os discos vieram industrializar o fado, o fado não se deve vender, eu canto porque a minha alma o ordena, canto como se rezasse. Não gosto de cantar para máquinas. Quero ver o público, analisar as suas reacções, ver se estão a gostar"!

O fadista não gostou, mas o público agradece o sacrifício. No dia 26 de Junho de 1982, os 91 anos acabaram por levar-lhe a vida e restam agora os arquivos discográficos e o trabalho constante desenvolvido pelos seus filhos, netos e bisnetos para o manter vivo e audível para quem o bem entender!

E como os tempos mudaram foi nas marés bravas do mundo cibernético que o Jornal do Bairro descobriu a maior memória de Marceneiro, uma página desenvolvida pela sua bisneta Susana Duarte e que poderá ser visitada em www.alfredomarceneiro.com. Também Valdemar Duarte, neto do fadista, tem vindo a dinamizar inúmeras actividades para que a sua memória não se perca. Preocupações que parecem ser adiadas pela Autarquia, afinal “este país trata muito mal os seus ídolos”… Assim falou Valdemar ao JB!

Para começar, quem foi Alfredo Marceneiro?
O Alfredo cantou de 1910 a 1974 sempre com agrado dos apreciadores do fado, atravessou várias gerações e foi para os críticos e historiadores um dos melhores intérpretes do fado. Tem cerca de três dezenas das mais belas músicas de sua autoria registadas na SPA.
Ele começou a cantar o fado por volta dos 20 anos e cantou-o co
m o agrado de todos os seus admiradores até aos 80 anos.

É verdade que o seu avô foi o responsável pela “novidade” de cantar à média luz? Como é que esse episódio aconteceu?
Posso-lhe transmitir o episódio, tal como ele o recordava…
Todos os anos, para celebrar a abertura da água-pé, o Rogério Estivador organizava na sua Quinta da Paiã, uma grande e regada patuscada, acabando sempre a festança com uma sessão de fados, sendo os fadistas convidados pelo Chico Carreira. O Rogério Estivador, que não era grande apreciador de fado, comentava sempre que para ele os fadistas cantavam todos da mesma maneira.
O Chico Carreira foi ter com o Alfredo e contou-lhe tudo, então ele encheu-se de brios, levantou-se e disse que ia cantar, dedicando ao dono da casa, senhor Rogério, mais um fado.
A letra que escolheu é da autoria de Henrique Rêgo e tem como tema o sentimento que mais prezava: o Amor de Mãe. Alfredo pediu então que se apagassem as luzes. Isso não era habit
ual e o dono da casa até perguntou, “então ficamos às escuras?”. O Marceneiro disse que não, mandou vir umas velas e mandou que as espetassem em gargalos de garrafas.
No meio do maior silêncio, Alfredo Marceneiro entoou, com sentimento profundo, o fado “Oh! Águia”. Quando acabou, o Rogério Estivador não resistiu e chorou grossas lágrimas, tendo num impulso irresistível corrido a abraçá-lo. Naquela noite, o Alfredo Marceneiro deu início à tradição de diminuir a iluminação quando se canta o Fado.

Para além dessa inovação, o Marceneiro também foi pioneiro em cantar o fado em pé…
Sim… foi em 1921, ainda no tempo do cinema mudo, em que o Alfredo Marceneiro era contratado para cantar nos intervalos das exibições cinematográficas do Chiado Terrasse.
Como o Alfredo Marceneiro e o Júlio Proença estavam no auge das suas carreiras, o público começou a acorrer em maior número ao cinema para além de assistir ao filme, também ouviam cantar o Fado.
O Alfredo Marceneiro, que já tinha criado o hábito de se cantar o fado à média luz, teve mais um dos seus repentes de criatividade e levantou-se para cantar. Nessa altura, todos os fadistas cantavam sentados e os espectadores mais distantes tinham a tendência de se levantarem para conseguirem ver quem estava a actuar, o que provocava um certo burburinho que prejudicava as actuações. Com a atitude de Alfr
edo Marceneiro, o Fado ganhou outro respeito. A partir desse dia, os tocadores e os fadistas passaram a ter um lugar de destaque nas salas onde actuavam e o fado começou a ser cantado em pé.

A “Casa da Mariquinhas” foi a grande consagração do seu avô. O êxito foi tal que ele, como marceneiro que era, construiu essa mesma casa em ponto pequeno. Quanto tempo demorou a construir essa obra?
Demorou cerca de quinze anos, pois ele ia fazendo aos poucos nas horas vagas. Esta obra é um autêntico trabalho de marcenaria, pois todas as peças são em miniatura, não têm um só prego e é tudo feito em entalhe. A casa contém tudo o que está na letra do fado, os quadros de gosto magano, o cofre forte, as janelas com tabuinhas, na sala uma guitarra, no vão de cada janela sobre coluna uma jarra, o candeeiro a petróleo etc. Esta obra está em exposição no Museu do Fado, em Alfama.

Este tema devia ser um dos mais aplaudidos e solicitados pelo público. O seu avô nunca confidenciou estar cansado de ter de interpretar sempre esta canção?
Não, penso que nunca lhe ouvi qualquer desabafo desses e até acho que ele o cantava sempre com bastante prazer.

Qual era o fado preferido de Marceneiro?
Penso que era A Viela, com música do fado Cravo de sua autoria e também gostava muito do Fado Bailado...

O cigarro quase nunca escapava das fotografias do seu avô. Ele fumou durante quase toda a vida… o tabaco nunca lhe afectou as cantorias?
Ele fumou até aos 80 anos e acho que não o afectou, pois como já disse atrás também cantou com agrado de quem o ouviu até essa idade.

O seu avô criticava a comercialização do fado. Ele era um fadista do povo?
O meu avô era um homem dos finais do século XIX.
Ele criticava a comercialização do fado porque era avesso às máquinas - por exemplo, a primeira vez que gravou foi bastante contrariado e com os olhos vendados - e não por não ser um fadista do povo, pois em todas as festas de beneficência para as quais era convidado nunca recusava o convite, ele gostava do fado no seu ambiente natural.

É verdade que o seu avô pouco saiu de Lisboa e que nunca se ausentou de Portugal com o objectivo de divulgar a sua música no estrangeiro?
Sim e as razões eram várias. Como já disse atrás ele era um homem do final século XIX e que chegou quase até final do século XX com costumes e hábitos diferentes. Não gostava de viajar, só viajou uma vez de avião de Lisboa para o Algarve e foi o José Pracana, que era funcionário da TAP, que o convenceu. Ele foi todo o caminho na cabine dos pilotos e para cima veio de comboio. O meu avô nunca cantou por dinheiro, podiam-lhe oferecer o que quisessem, se não lhe apetecesse cantar não cantava! Eu recordo-me de em 1966 estar em casa dele a jantar e entrarem pela porta o Raul Solnado e o Fialho Gouveia a dizer que os portugueses no Brasil queriam que ele fosse lá e que com tudo pago ainda recebia 300 contos limpos - que naquela altura era
muito dinheiro - mas a resposta dele foi “não”!

O Valdemar é filho do 3º. filho de Marceneiro, Carlos Duarte. O seu pai chegou a gravar um disco de fado e o seu tio Alfredo Duarte também, sendo mesmo apelidado de “Fadista Bailarino". Porquê bailarino?
Sim, o meu pai Carlos Duarte gravou um disco de 45 rotações com 4 fados, mas o meu pai era empregado de escritório e cantava o fado aos fins-de-semana, nunca foi profissional do fado… já o meu tio Alfredo Duarte Jr. fez do fado a sua profissão e como tal, teve de criar o seu próprio estilo - pois antigamente era impensável alguém aparecer a imitar o estilo de outro qualquer - e na criação do seu próprio estilo “gingava-se”, bailava a cantar o fado. Por isso foi apelidado de Fadista Bailarino, mas o meu tio tem vários discos gravados.

O próprio Valdemar também foi fadista. Actuou durante algum tempo no Retiro da Cesária, em Alcântara, mas acabou por seguir outra actividade. Porque é que desistiu?
Sim, eu cantei o fado na Cesária em Alcântara de 1966 a 1970 e achei que tinha uma grande responsabilidade pelo facto de ser neto do Alfredo Marceneiro, pois era apresentado como tal. Como eu sou um perfeccionista e achei que não correspondia a essa responsabilidade, desisti, se calhar se não fosse neto de Alfredo Marceneiro ainda hoje cantava o fado!

Dos inúmeros ascendentes de Marceneiro há algum que prometa vir a adoptar as suas pisadas?
Tenho um primo, filho do Alfredo Duarte Jr., o Vítor Duarte que começou a cantar mais ou menos na mesma altura que eu e ainda hoje continua a cantar. Dos bisnetos ninguém canta, dos trinetos não sei, o futuro o dirá!

Para além da celebração do centenário do fadista, em 1991, repetiram-se algumas homenagens mas que não acontecem desde 1994. Porquê?
Olhe, porque este país trata muito mal os seus ídolos! Na altura em que a casa onde morou e morreu o meu avô se estava a degradar - por conveniência do senhorio -, eu escrevi uma carta ao senhor João Soares, que era na altura vereador da Cultura da CML, a sugerir que se fizesse ali um museu Alfredo Marceneiro. O senhor nem sequer me respondeu! Quando o meu avô morreu solicitou-se à CML,
com o apoio escrito da paróquia de Santa Isabel, que se desse à Rua da Páscoa o nome de Rua Alfredo Marceneiro - pois fazia sentido que fosse na Freguesia que estivesse uma rua com o seu nome - e foram pôr a rua no Bairro de Chelas! Quando eles não preservam nem a casa do Fernando Pessoa como é que se iam preocupar com o Alfredo Marceneiro?!

Alfredo-Lulu, o “Janota”

Dizem que era um homem vaidoso e namoradeiro...

Alfredo Rodrigues Duarte nasceu no seio de uma família modesta, na Freguesia de Santa Isabel. Decidiu o fado da vida levar-lhe o pai aos 13 anos, obrigando-o a abandonar os estudos para ajudar a sua mãe no sustento da casa e dos irmãos mais novos. Arranjou o seu primeiro emprego como aprendiz de encadernador mas Júlio Janota, um fadista improvisador que era mestre na profissão de marceneiro, arranjou-lhe uma colocação como seu aprendiz numa oficina em Campo de Ourique.

Foi no “14” do Largo do Rato, numa antiga casa de jogo transformada em “cabaret” que Alfredo, com cerca de 20 anos, começou a ser mais conhecido no meio fadista, sendo várias vezes convidado a cantar alguns fados improvisados.

Quando os irmãos seguiram o seu próprio rumo, Alfredo ficou com a mãe e alugou uma casa no nº. 49 da Rua da Páscoa, em Campo de Ourique, sítio onde viveu até ao último sopro da sua vida e que curiosamente ruiu no domingo de Páscoa, sendo hoje um prédio constituído por vários apartamentos.

O fadista foi um homem de paixões e teve 5 filhos, um de Aurora, outro de Palmira e três de Judite, a sua eterna companheira.

O jovem Alfredo fazia questão de andar sempre muito bem vestido de fato, camisa muito bem engomada com o laço ao pescoço e calçando “polainites” de polimento. Desse seu aspecto elegante nasceu a alcunha de Alfredo Lulu - Lulu era equivalente ao “janota” dos nossos dias.

Em meados de 1920, um grupo de fadistas organizou, no recinto Clube Montanha, uma festa de homenagem a dois nomes grandes do fado de então: Alfredo Coreeiro e José Bacalhau. E porque Alfredo Lulu não era um nome muito apropriado e os produtores do evento desconheciam o nome completo do fadista, o cartaz contou com o nome Alfredo mas apelidado de Marceneiro, a profissão do artista. Ao contrário de Lulu, Alfredo Marceneiro era um novo nome do fado e a curiosidade do público foi tanta que a lotação do espectáculo esgotou. Marceneiro esmerou-se tanto por corresponder aos anseios do público que acabou por ser um êxito e por nunca mais largar essa alcunha que foi e será sua, para a eternidade.

Como diria Armando Neves, para que o próprio assim o cantasse, “este apelido em mim que pouco valho, da minha honestidade é forte indício. Sou Marceneiro, sim, porque trabalho! Marceneiro no fado e no ofício”!

M.A.

Desporto

ATLETISMO

Rotaract Club Lisboa Estrela

O Rotaract Clube Lisboa–Estrela vai realizar a Corrida Rotária & Encontro Distrital de RTC e ITC no próximo dia 18 de Março de 2007.
A Corrida Rotária está inserida na organização da Meia Maratona de Lisboa a realizar na Ponte de 25 de Abril.

O ponto de encontro está marcado para as 9 horas em Entrecampos, junto à entrada principal da antiga Feira Popular seguindo-se a corrida rotária e um almoço de convívio a realizar em Alcântara.
A preparação física não é factor obrigatório, porque o objectivo da Corrida Rotária não é competir mas sim participar e passar uma manhã de Domingo de uma forma divertida e saudável. Chegaremos a Belém leve o tempo que levar!
Os requisitos para participar na actividade são simples: roupa e calçado confortaveis e boa disposição!


Corrida da Amizade, Passeio Avós e Netos

É já neste fim-de-semana que se realiza a 17ª Meia-Maratona de Lisboa, Corrida da Amizade, Passeio Avós e Netos.
Esta prova de cariz competitivo realiza-se no domingo e tem a partida marcada na praça da portagem da Ponte 25 Abril e a meta na Praça do Império. O percurso, bastante rápido, com partida e chegada em dois pontos diferentes faz desta uma das provas de atletismo mais atractivas do mundo.
A “Vitalis Corrida da Amizade” está agendada para sábado e os atletas irão partir do Padrão dos Descobrimentos tendo em vista a chegada ao Mosteiro dos Jerónimos.
O “Passeio Mimosa Avós e Netos” também se realiza no sábado e é dirigido a todas as idades. A partida será junto ao rio, por baixo do tabuleiro da Ponte 25 de Abril e a chegada no Museu da Electricidade.


HÓQUEI EM PATINS

CAC Ourique campeão da 3ª Divisão Zona D!

Ao vencer o clube do GD. “Os Lobinhos” na última jornada do campeonato por 3–4, o CAC Ourique sagrou-se campeão da 3ª Divisão Zona D com 43 pontos. Das quatro zonas existentes o único clube campeão que amealhou mais pontos do que o CAC Ourique foi o F.C. Bom Sucesso, somando 16 vitórias em tantos jogos.

De realçar que o CAC Ourique teve o ataque mais concretizador de todas as zonas com 143 golos marcados e destes, André da Costa Dias Sousa marcou 47, sagrando-se rei dos golos da 3ª Divisão.

O clube de Ourique vai agora disputar o apuramento de campeão com os vencedores das outras 3 zonas. Na 1ª jornada a 17 de Março, recebe o F.C. Bom Sucesso que ainda não conheceu outro sabor que não a vitória. Um bom espectáculo de hóquei em previsão para este fim-de-semana.


PATINAGEM

Clube de Patinagem de Lisboa

No último fim-de-semana de Fevereiro, o CPL participou no Campeonato Distrital de Figuras realizado no pavilhão da Sociedade Recreativa de Santa Susana e Pobral, em S. João das Lampas, Sintra.
O Benfica foi o grande vencedor Campeonato ao ficar em primeiro lugar em várias categorias.

L.P.


Automóveis

Opel Corsa 1.3 CDTI Enjoy
Para Desfrutar o Lazer

Lançado no final do ano passado, o Opel Corsa ostenta um apelativo design que muito bebeu da família Astra e das novas tendências do design automóvel. Mas a “personalidade Corsa” continua presente através de bons argumentos para a classe, como o maior espaço, o económico motor 1.3 CDTI e uma condução bastante agradável.

Pode dizer-se que o grande argumento deste Opel Corsa Enjoy é precisamente o seu motor 1.3 CDTI de 75 CV. Este é capaz de conciliar uma resposta interessante na generalidade dos regimes de rotação e níveis de consumo bastante convincentes (4,6 l/100 km em circuito misto), apesar do acréscimo de peso face à anterior geração. Este último é, aliás, um factor que cada vez pesa mas na decisão de compra.

O novo chassis permitiu um bem-vindo crescimento das dimensões do Corsa, com os inerentes ganhos em cotas de habitabilidade.

A ergonomia interior, a acessibilidade e leitura da instrumentação e dos comandos do equipamento não desmerecem, sendo ainda de salientar a qualidade da montagem e dos materiais.

O nível de equipamento Enjoy contempla argumentos q.b. face aos seus rivais, caso do ABS com Controlo da Travagem nas Curvas, a direcção assistida desportiva, variável e progressiva, a qual a par da correcta posição de condução e da suspensão de taragem correcta permite bons momentos de condução.

Não obstante, quem não prescinda de um habitáculo fresco terá de dispender mais 995 euros pelo ar condicionado, somando-lhes mais 350 euros na eventualidade de querer dispor do Pack Tecnologia — cruise control + computador de bordo.

A exemplo de outros produtos da casa de Rüsselsheim, o novo Corsa obteve boas classificações nos testes do Euro NCAP: 5 estrelas na segurança dos passageiros e três ao nível da protecção de crianças e peões. Quanto ao equipamento de segurança pode dizer-se que é muito completo para a classe, disponibilizando opções interessantes como o novo Programa de Estabilidade Electrónico com Controlo Avançado das Subviragens (525 euros).

Quanto à funcionalidade, não estamos perante uma proposta que traga soluções revolucionárias, mas não deixa de ser interessante a sua bagageira “DualFloor” de 285 litros, cujo piso duplo permite esconder os nossos pertencentes dos olhares alheios.

Fácil de conduzir e estacionar na cidade, esta proposta permite bons momentos de lazer com a família e pode ser sua por 18.180 euros, uma quantia ensombra a maioria da concorrência.

Túlio Gonçalves

Automóveis

Subaru Impreza 1.5R Wagon
À Medida do Mercado

Quem é um apaixonado pelas carrinhas da marca da constelação, tem na Subaru Impreza 1.5R Wagon um mais fácil patamar de acesso ao modelo, ou quiçá, a um sonho. Tecnologia, prazer de condução e… muita inveja estão agora ao seu alcance.

Vocacionada para um público jovem e para todos aqueles que sempre suspiraram por um Subaru Impreza, esta 1.5R Wagon assume-se como uma interessante proposta. Tal sinónimo aplica-se não só ao factor desempenho e tecnologia, mas também ao factor preço. É certo que haverão propostas mais acessíveis mas… falta-lhe o glamour requerido pelos amantes do modelo.

Apesar do design exterior rejuvenescido e modernizado, a Impreza Wagon não perdeu a aura desportiva apanágio dos produtos desta marca nipónica. O interior é envolvente e sóbrio, ou seja, próprio de uma carrinha desenhada para providenciar o máximo prazer de condução e concentração.

Saliente-se que esta proposta oferece uma generosa habitabilidade, capaz de albergar comodamente cinco adultos. A mala, cuja volumetria máxima é de 1266 litros, é outro dos bons argumentos desta Wagon.

Voltando ao posto de comando, refira-se que a posição de condução é facilmente ajustada, embora o volante não seja regulável em profundidade. Todos os comandos e manómetros estão bem posicionados.

O conforto de utilização é ainda assegurado por uns bancos envolventes e com um bom apoio lateral, bem como por uma boa suspensão. Eficaz na absorção das irregularidades, garante igualmente a necessária estabilidade e confiança para os momentos de condução mais vivos.

Estes últimos dependem directamente do novo motor boxer de 1498 cc. Trata-se de quatro cilindros de dupla árvore de cames, que debita 105 CV às 6400 rpm — mais 10 do que o anterior 1.6 litros disponibilizado pela marca — e produz um binário máximo de 142 N.m às 3600 rpm.

Para dominar a estrada o feliz condutor desta Impreza 1.5R Wagon conta de série com uma transmissão integral permanente, a qual lhe permite ainda alguns devaneios noutros tipos de pisos.

Do restante equipamento de origem podemos enunciar o eficaz ar condicionado, os airbags laterais, as jantes de liga leve ou o travão de montanha (Hill holder), estando as barras no tejadilho reservada para a versão em análise.

A Subaru Impreza 1.5R Wagon poderá ser sua a partir de 24.950 euros. Recorde-se que os preços da versão Sedan começam nos 24.250 euros.

T. G.

Bem-estar

O Amor e o Medo

“Cuidem apenas do vosso amor. Façam isto e observem a mudança. Vejam iluminarem-se as faces, vejam como as vossas cidades ficam seguras, sintam a gentileza do vosso mundo… Não precisam dizer nem fazer nada. A força do vosso amor há de transformar tudo.”

O amor é a mais importante mensagem que nos foi passada pelos grandes mestres da luz ao longo dos tempos. Nos dias de hoje, o amor é claramente o sonho mais desejado no coração dos homens, ainda que muitos ainda não tenham despertado para esta realidade. O amor é o motivo para estarmos aqui, neste mundo de aprendizagem. Ele é a chave que abre todas as portas que vale a pena serem abertas. Ele é o caminho que todos determinámos um dia percorrer; ele é o meio e também o fim a ser alcançado. O amor é a razão de todas as razões.

Vários mestres falaram-nos do amor como a fonte de energia mais elevada, sinónimo de Deus. Mas, especificamente em relação a este mundo de dualidades em que vivemos, eles falam-nos de duas energias mãe, das quais todas as outras formas de energia surgem: E elas são o Amor e o Medo, respectivamente. E todas as manifestações que existam neste universo, sejam elas pensamentos, emoções, ou tenham manifestação física, têm origem e existem sob a alçada de uma destas duas energias mãe!

Foi no livro de Emmanuel, de Pat Rodegast e Judith Stanton, da Editora Nova Era, que encontrei algumas reflexões deveras luminosas sobre o amor e sobre esta nossa dança humana entre o amor e o medo…

O amor transforma?

“Sempre que optam pelo amor, transformam o esquecimento em lembrança e as trevas em luz.

Ao amarem, transformam o que não tinha sido amado, fazendo-o retornar à sua essência. Quando a última alma se lembrar de optar pelo amor, todo o planeta voltará a Casa, e com ele todas as estrelas que vêem nos céus.

Nada existe além da necessidade do amor…”

Como posso continuar a mar, se há tanto perigo no mundo?

Vocês têm medo de que a justiça e o amor não sejam o que deveriam ser. Têm medo de, abrindo-se para o amor, dar margem à violência, à zombaria, à humilhação.

O medo diz: “Ponham-me dentro de uma casa com telhado e ferrolhos na porta, e eu acreditarei estar a salvo por um momento.”

Quando alguém está a amar, está a céu aberto e as possibilidades são infinitas.

Do ponto de vista do medo, não existem garantias, nada é resistente o bastante.

Do ponto de vista do amor, nada se faz necessário.

Que mantra poderei usar quando me sentir perdido na depressão ou no medo?

Vocês hão de levar luz onde pareçam existir trevas, levar amor onde o medo pareça reinar. Lembrem-se do propósito das vossas almas e então um tempo de trevas há de parecer menos opressivo e uma verdadeira oportunidade.

Vejam as exibições do medo: ele dir-vos-á que o plano irá por água abaixo, que o alimento será envenenado, que vocês serão abandonados sozinhos e para sempre. Se vocês entrarem em qualquer dessas farsas, serão apanhados.

Mas o medo é apenas um instrutor no vosso planeta. Tranquilizem-se!

A linha da vida, o cabo dourado, consiste em saber que existe uma coisa como o amor e que em tal momento vocês têm condições de optar por ele. Só isso. Mesmo com os corações partidos ou à beira de um colapso, digam: “Eu optei pelo amor.” Com este mantra vocês imporão silêncio ao hábito de optar pelo medo.

E se o medo me seguir, o que faço?

Segure o medo numa das mãos. Segure o amor na outra mão. Com os dois nas mãos, faça a opção pelo amor, faça-a de novo.

O medo poderá chamar-vos mas vocês responderão: “Pois é, medo, estou a ouvir, mas fiz a opção pelo amor…Tu podes fazer parte da condição humana, mas o amor será sempre o meu escolhido, pois essa é a única realidade.” O medo há de gritar: “Mas a verdade sou eu: ouçam-me!” E vocês responderão: “A opção que fiz está fora da ilusão, não dentro dela.””

Teresa Ferreira