ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO COMPROMETIDOS
O período de enriquecimento curricular dos alunos do 1º Ciclo do Ensino Básico foi decidido no ano passado e é intenção do Ministério da Educação alargá-lo a todas as escolas já no ano lectivo 2007/08. O acréscimo de duas horas diárias ao horário escolar – das 15:30h às 17:30 horas - promete ser uma boa notícia para alguns pais, mas não para todos… muito há ainda a decidir até ao final das férias de Verão!
Diversos pais e IPSS estão a braços com uma autêntica dor de cabeça!
Em causa está a decisão do Governo em alargar, já este ano, o currículo escolar dos alunos do 1º Ciclo do Ensino Básico envolvendo-os em aulas de Inglês, Música e Educação Física, entre outras actividades.
Porque o enriquecimento curricular se vai tornar numa directriz obrigatória, os Ateliers de Tempos Livres que vinham a ser dinamizados por várias Instituições Particulares de Solidariedade Social – IPSS, deixam de fazer sentido e como tal, de ser subsidiados pela Segurança Social.
Caracterizadas pela prestação de serviços em vários âmbitos como na protecção da educação, os principais objectivos da IPSS no âmbito da Segurança Social referem-se ao apoio a crianças e jovens, às famílias e aos idosos e inválidos.
Só no Concelho de Lisboa existem quase 460 IPSS, um número bastante elevado que começa agora a vislumbrar um futuro comprometido.
A maioria dos IPSS encerrava às 19 horas, garantindo o acompanhamento das crianças até mais tarde. Dadas as circunstâncias, a dúvida dos pais que saem mais tarde dos empregos reside em “onde deixar o meu filho a partir das 17:30h?”, hora do futuro fecho do estabelecimento escolar!
Quanto a um possível apoio fornecido aos IPSS pela Santa Casa da Misericórdia como acontecia há vários anos atrás, Sílvia Rocha, da secção da Acção Social, foi clara, “desde que o acordo mudou e as IPSS passaram a ser apoiadas pela Segurança Social, não podemos intervir”, pelo que solicitações do género terão de ser direccionadas a esse Ministério.
Contactado pelo Jornal do Bairro, o Ministério da Educação não prestou, até à hora de fecho desta edição, quaisquer esclarecimentos.
Bispos unem-se ao protesto
No passado dia 12 de Julho foi a vez dos Bispos portugueses apresentarem ao Governo as suas preocupações em diversas áreas como a Educação e a Acção Social.
Segundo avançado na Conferência Episcopal Portuguesa, cerca de 800 Instituições promotoras de ATL ligadas à Igreja correm o risco de não sobreviver, o que poderá afectar perto de 20 mil funcionários. Isto, porque a existência do período de prolongamento de horário promovido pelas escolas põe em causa a oferta de ATL das Instituições Religiosas.
Após intenso debate, a Igreja alterou a sua fasquia e pede apenas para que a Lei seja alterada e contemple a possibilidade de serem as famílias a decidir se pretendem optar pelos Ateliers ou pelas actividades promovidas pelos estabelecimentos escolares.
Na opinião dos Bispos, "a educação, a solidariedade social, o sector da comunicação social, o acompanhamento espiritual dos doentes e dos presos, o apoio à família e à natalidade", são questões importantes que poderão estar a ser descuradas.
Enquanto as IPSS tentam o diálogo de forma a evitar funcionar como escolas particulares ou fechar as portas, os pais, em especial os mais carenciados, procuram uma alternativa para a educação dos filhos!
“Apoio à Família” pouco pedagógico
Em alternativa aos ATL promovidos por Instituições Particulares, existia já uma componente denominada “Apoio à Família” mas que na opinião de diversos pais é mais lúdica do que pedagógica, afinal “mesmo que os monitores digam às crianças para fazer os trabalhos não os ajudam e no regresso a casa os miúdos têm de rever a matéria com os pais”, avançou um encarregado de educação ao JB. Esta situação pode-se tornar preocupante, visto exigir demasiado trabalho ao aluno.
Sérgio Lipari, ex-vereador da Educação da Câmara de Lisboa avançou, há meses atrás, em entrevista ao DN que este género de actividades foram criadas de forma a “apostar na educação não formal, mas lúdico-pedagógica”, já que é dedicada às crianças cujas famílias não as podem recolher em casa.
O programa tem um custo máximo de 25 euros e é gerido pelas Autarquias locais, tendo como principal objectivo proporcionar às crianças uma escola a tempo inteiro, permitindo a conciliação das obrigações profissionais dos encarregados de educação com a necessidade de garantir o acompanhamento dos miúdos.
Até ao final deste ano lectivo foi esse o modelo seguido pelas escolas EB1 de Santo Amaro, em Alcântara, de Santo Condestável e da EB1 nº 72 de Lisboa, pertencente à Freguesia da Lapa.
Segundo a coordenadora da EB1 de Santo Amaro, o Apoio à Família tem vindo a ser gerido pela Associação de Pais e funciona em dois períodos, das 17:30h às 19:30h e das 20h às 21h, altura em que as crianças são acompanhadas por monitores.
Para além do apoio que a EB1 de Santo Condestável proporciona no período escolar, destaca-se ainda a existência de actividades durante o mês de Julho, das 8h às 19h. Uma vez mais responsabilidade da Junta de Freguesia local, a Escola apoia as famílias das 8h às 9h e das 17:30h às 19h.
M.A.