10.5.07

Editorial

Por variadíssimos motivos e só por isso, desloco-me em Lisboa com alguma frequência.

De cada vez que isso acontece, ainda não entrei no carro e já penso nas inúmeras dificuldades que vou encontrar, desde a falta de estacionamento aos engarrafamentos, das discussões de trânsito à dificuldade de conseguir fazer tudo num relativo curto espaço de tempo.

Agora… comprar um Jeep para circular na Capital é uma ideia nova na qual ainda não tinha pensado… reconheço que está na altura de fazer uma pesquisa quanto aos valores dos referidos TT, porque circular em Lisboa ou andar a praticar Todo-o-Terreno é precisamente a mesma coisa…

As avenidas principais que atravessam a capital estão em obras, as que não estão mais parecem as estradas das picadas em África, aliás, há muitas picadas em África que têm um piso em melhores condições, os buracos – ou mais adequado, as crateras - são mais do que muitas… claro que sempre posso utilizar os transportes públicos, mas há deslocações que se tornam impossíveis sem viatura própria, ou então teria de sair de manhã para chegar à tarde… Basta ter de ir até à periferia!

Em Campo de Ourique e na rua que tem o nome do Bairro, rua Maria Pia, Campolide, Alcântara, Lapa, Prazeres (…) circular tanto a pé como de carro é uma verdadeira aventura, penso até que as lojas de venda de artigos de desporto e de turismo rural teriam um grande sucesso nestes bairros, tal é a quantidade de obstáculos que se encontra!

De carro, só circulando quase parado é que não tenho a sensação de que tudo se está a desmanchar...

Como é que é possível que neste país não haja dinheiro para pelo menos aumentar a qualidade de vida das pessoas e já agora dos seus automóveis?

Com o que pagamos de combustível, de impostos sobre o automóvel e dos valores que as oficinas cobram, entre muitas mais despesas, bem merecíamos outro tipo de tratamento!

Ou só houve dinheiro para se construir estádios de futebol?

Augusto da Fonseca

Igreja Paroquial de Santo António de Campolide

“A CAIR AOS BOCADOS”!

Pesada é a cruz que os párocos da Igreja de Santo António de Campolide têm vindo a carregar!
Volvidos 14 anos de ser distinguida como imóvel de interesse público pelo Instituto Português do Património Arquitectónico – IPPAR, a antiga capela setecentista permanece em busca de apoios para avançar com as tão necessárias obras de recuperação. Servindo de rosto às traseiras da Universidade Nova de Lisboa, a Igreja tenta resistir às investidas do tempo e do esquecimento de aquém de direito e nem a faixa gigante que lhe reveste o topo e alerta que está “a cair aos bocados” convence os (in)fiéis: é urgente reabilitar esta “Maravilha”!

Escondida entre prédios, mas num topo distinto, a Igreja de Santo António de Campolide tenta alertar os transeuntes com uma faixa que indica “a cair aos bocados”.

Para além dos andaimes que contrastam com a beleza do espaço interior, maior é o choque ao subir as escadas e aceder ao primeiro andar. No topo, uma estrutura de rede impede que o tecto caia sobre a cabeça de quem ali teve catequese mas que por motivos de segurança já não a tem.

Ao abrir uma nova porta, a surpresa é maior. Por um lado, madeiras empurram os vidros “por causa do vento”, por outro os baldes que recebem a chuva acumulam-se nas diversas salas... na antecâmara da galeria, buracos no tecto; na capela baptismal, idem-aspas; no coro, humidade...

João Nogueira é pároco na Igreja há quase 9 anos e desde então tem vindo a lutar pela recuperação da infra-estrutura.

“A Igreja é propriedade do Ministério das Finanças, da Direcção Geral do Património”, declarou o padre, que já procurou apoio diante dessas entidades como também da Câmara Municipal de Lisboa e do IPPAR, mas apesar das tentativas a resposta concreta tende a não chegar, “só nos papéis”...

À semelhança do que aconteceu com o Jornal do Bairro, a faixa de reclamação já suscitou a curiosidade de outros orgãos de informação, como foi o caso da “RDP, do Público ou da RTP1, com o programa Regiões”, mas nem a divulgação de tal abandono parece trazer resultados!

“Para a cobertura seriam necessários de 80 a 100 mil euros” avançou o padre, “mas há muito mais a recuperar”!

Apesar de, em 1993, ter sido distinguida como imóvel de interesse público pelo IPPAR, “em ’98, quando cá cheguei, a degradação já era acentuada” e “desde os anos ’80 que o meu antecessor tentava avançar com obras de recuperação”.

A missa que João Nogueira ali celebra, às 18:30 horas de segunda a sexta-feira, conta com uma população maioritariamente idosa, se bem que o domingo sirva até cerca de 180 pessoas, que assistem à missa paroquial.

Poucos mas bons e apesar da degradação visível, o pároco defende que “o importante é resistir”, tal como tem vindo a fazer ao longo de anos de luta frustrados...

Provedor da Justiça adverte Ministério das Finanças

Entre as inúmeras tentativas de apelo às obras, o padre João Nogueira contactou o provedor da Justiça, cuja resposta foi divulgada aquando o fecho desta edição. Segundo a Agência Eclesia, o provedor avançou com uma recomendação ao Ministério das Finanças, para que este encontre uma solução urgente para a realização de obras.

“O pároco recebeu a recomendação do provedor como sinal de que há quem se preocupe com a degradação do edifício, mas acrescentou que o proprietário do imóvel já admitiu que não há dinheiro” avançou a Eclesia.

De acordo com a mesma fonte, “o sacerdote acrescentou que o processo para a realização de obras avançou ainda no tempo em que Pedro Santana Lopes estava na Câmara de Lisboa, mas que parece ter parado assim que houve uma mudança no Município”.

Contactada pelo Jornal do Bairro, Rita Magnini, assessora da Direcção Geral do Património, não avançou quaisquer esclarecimentos quanto a obras ou intervenções previstas.

Mónica Almeida

A Rabicha e as hortas

Acabei de ler duas excelentes revistas editadas, em 1989, pela Junta de Freguesia de Campolide, onde é traçada uma resenha histórica daquela secular zona ocidental da cidade de Lisboa. As revistas comemoravam o então 30º aniversário da constituição da Freguesia, no ano de 1959.

Deleitei-me com a cuidada e criteriosa apresentação gráfica, com as fotografias das casas solarengas e dos humildes pátios populares, do património arquitectónico da Freguesia, com as suas construções civis, castrenses, religiosas e judiciárias. Pasmei com a – quanto a mim – grave lacuna na selecção das “Sete Maravilhas Portuguesas”, concurso promovido por um canal de televisão generalista. Essa lacuna refere-se à não inclusão do majestoso Aqueduto das Águas Livres, obra que nada deve às outras maravilhas seleccionadas, sabe-se lá com que critério!...

Apaixonado pela História d’ “esta Lisboa de outras eras”, percorri, com a avidez de um alfacinha de gema, as páginas de “Campolide” e “Pátios e Vilas de Campolide”, detendo-me, mais atentamente, na toponímia e suas ancestrais origens. E aí topei com a Travessa que possui o castiço nome de “Rabicha”; e lembrei-me de Norberto de Araújo, o ilustre olissipógrafo que, nos seus escritos, pintou autênticas aguarelas literárias de uma Lisboa “que já não volta mais” e também falou na Rabicha, nas imediações da hoje degradada Igreja de Santo António.

Campolide foi uma extensa zona rural que abarcava não só a área actual da Freguesia, mas também os actuais Campo de Ourique, Lapa, São Bento, Santos até à Ribeira de Alcântara, hoje sepultada nas catacumbas da Avenida de Ceuta e que, então, corria para o Tejo, após ter desligado por debaixo dos arcos do Aqueduto.

A Rabicha era o nome de toda aquela bucólica zona de hortas, searas, pomares e vinhedos, que se prolongava pelo vale de Alcântara até à actual Avenida da Índia e era, no século XIX, o ponto de encontro dos romeiros que demandavam as ermidas espalhadas pelas cercarias, das famílias modestas que faziam os seus piqueniques fora-de-portas, dos fidalgos e rameiras que, para aí, iam “bater o fado”, dos operários e pequeno-burgueses socialistas, anarquistas e republicanos que se juntavam, secretamente, longe da presença incómoda das polícias de Sua Majestade.

A Lisboa de asfalto, do automóvel, do cimento armado e dos centros comerciais veio pôr fim à Lisboa das hortas, dos bailaricos, dos pregões e das varinas. Para a posteridade, ficaram algumas vielas, pátios, vilas; nas placas toponímicas mantiveram-se os testemunhos do passado rural, horta Návia, Horta Seca, Horta das Canas, Horta Nova, Horta das Taipas, por essa Lisboa espalhados.

Fernando J. Almeida

Conflito com proprietário

IDOSA VIVE ÀS CEGAS NA PRÓPRIA CASA

Irene Agatão tem quase 90 anos e é senhora de uma perfeita lucidez, ao contrário da visão, que lhe foi roubada por um deslocamento da retina na década de 80. A invisual tem sérias dificuldades em subir os 5 degraus do patamar, que não dispõem de corrimão e teme uma nova queda, como aquela que lhe valeu sequelas que vai ter de carregar para toda a vida. Conforme o senhorio, o apoio deverá ser colocado assim que o mestre-de-obras estiver disponível, mas o obreiro já explicou que ainda não teve autorização. Resta a Irene esperar por melhores dias, enquanto o corrimão que já comprou permanece na despensa, à espera de uma nova decisão.

O número 49 da Rua Tenente Durão, em Campo de Ourique, corresponde a uma das poucas casas que resistiram à construção de vários pisos, sendo apenas constituída por rés-do-chão e primeiro andar. Irene Agatão vive no último e não reclama as escadas que tem de subir para lá chegar, mas a ausência de um suporte no hall de entrada do edifício. O lance de cinco degraus de pedra não tem corrimão - que a família inclusive já comprou – e desde a década de 80 que a invisual tem de avançar por entre apalpadelas e a esperança de não cair, como lhe aconteceu há 4 anos atrás.

O acidente aconteceu no Inverno, “subi o primeiro degrau e escorreguei”, explicou ao Jornal do Bairro. Ao chegar ao terceiro degrau “dei um trambolhão para a frente e consegui-me levantar, mas pensei já estar no outro patamar e caí de costas” lamentou, “fiquei toda amachucada”!

Irene seguiu então para a casa de um familiar em Beja, onde esteve acamada durante 4 meses por não poder andar.

Os 84 anos que tinha então tornaram a questão mais delicada e a idosa foi observada pelos médicos durante duas a três horas. “Só a movimentar as pernas e pôr-me em pé já tinha dificuldades”, declarou.

“As costelas ficaram todas amachucadas e fiquei com muitas dificuldades em andar” lamentou, enquanto caminhava pela rua, entregue à vista e ao braço da jornalista.

Baixa renda na origem da discórdia

Antes da queda, a invisual já tinha o aval positivo do senhorio para proceder à obra e tinha mesmo a intenção de comprar a casa, mas o proprietário faleceu e o edifício passou para o filho e respectivas primas que restauraram o rés-do-chão “que inclusive me abriu brechas no primeiro andar”. Quando Irene regressou a casa pediu ao doutor Nuno Nazaré, novo proprietário, para fazer a obra, ao que ele terá perguntado “para aquilo que a senhora paga, acha que vale a pena”?

Irene Agatão reconhece que não está a garantir quaisquer lucros ao senhorio, até porque “o rés-do-chão foi alugado por cerca de 800 euros, quando eu pago 20”, mas na altura os 20 euros eram metade de um ordenado e por isso Irene afirmou que “já paguei a casa na totalidade e tenho vindo a conservá-la” afirmou, avançando que até já dotou a residência um novo telhado.

Há dois anos, Irene Agatão dirigiu-se à Junta de Freguesia de Santo Condestável, “o presidente foi muito simpático e enviou uma carta com aviso de recepção que foi devolvido e assinado pelo senhorio”, mas não obteve resposta. O presidente remeteu uma segunda via do apelo ao que o proprietário que assumiu a obra, para executar “quando o mestre-de-obras lá estivesse, mas o mestre já me disse que não tem autorização”.

Depois de ter perdido 95% da visão, Irene tornou-se mais uma vítima dos inúmeros obstáculos impostos à população invisual, entre eles “os buracos”, as assimetrias dos passeios “de quando se fez o alargamento da rua”, a má sinalização e “os cocós de cão”, sendo que os últimos “já não são da responsabilidade da Autarquia”... Contactado pelo JB, o proprietário do imóvel declarou não saber do que o assunto se tratava, “está-me a dar uma novidade”, referiu.

M.A.

Desporto

CACO
FUTURO INCERTO PARA OS CAMPEÕES!

Depois de sagrados campeões da 3ª divisão de hóquei em patins, os seniores do Clube Atlético de Campo de Ourique – CACO, correm agora o risco de desaparecer. As contrariedades financeiras colocaram a equipa em vias de extinção e é necessário um patrocínio urgente, afinal, “as crianças são mais importantes e o Clube não se pode endividar”, avançou Alípio Capela, presidente do clube, ao Jornal do Bairro.

5 estrelas, assim foi a recepção ao JB na sede do CACO!
Apresentados os dirigentes e o campo onde a equipa vencedora treinava, agora com uma motivação ainda mais especial, seguiu-se a sala de judo “totalmente remodelada”, o “ginásio da ginástica” e a sala dos troféus. Foi com visível agrado que Luís Simões, coordenador, foi esclarecendo a origem das centenas de taças ali depositadas, afinal o CACO é um Clube rés-vés centenário...
A entrevista a Alípio Capela fluiu à mesa redonda e não fossem as responsabilidades do dia seguinte, muito mais haveria a dizer para, sem querer, ouvir o galo a cantar a 1ª badalada da madrugada!

Qual é a situação actual do CACO?
O CACO tem um grande historial mas a nível regulamentar está como a maioria dos clubes chamados pequenos: em graves dificuldades! Não há ajudas, subsídios nem vontade de fazer desporto... tal como outros clubes do género, mantemos a actividade pelos nossos próprios meios, tentando sobreviver através das pessoas amigas e dos patrocícios. Dá umas receitas que se fazem nas bilheteiras, mas que não são muito grandes, o clube está em grandes dificuldades, como quase todos os outros em Campo de Ourique!

Há quanto tempo dirige o CACO?
Estou aqui há 12 anos como presidente. Antes disso fui director, secretário geral, joguei hóquei e andebol, fui duas vezes campeão nacional em júniores e ainda sou do tempo do José Vaz Guedes, um campeão europeu e do mundo! Ele é da família dos Vaz Guedes e fez uma última época, pelo Sporting, que marcou a sua retirada na década de ’60!

“O Sporting Clube de Portugal já tinha estes títulos e nós somos os segundos a conquistá-los”

Tendo em conta as dificuldades que o Clube atravessa, o que é que esta vitória representou para dirigentes e atletas?
É sempre gratificante ser campeão nacional! Para além disso, o Campo de Ourique já tinha sido campeão das 1ª e 2ª divisões, mas nunca da 3ª! É engraçado porque o Sporting Clube de Portugal já tinha estes títulos e nós somos os segundos a conquistá-los! Isto é de facto o reflexo de um bom trabalho e um incentivo para a juventude, é primordial fazermos mais desporto e é pena que muitos pais não pensem assim porque quando as pessoas estão ocupadas libertam-se do stress...

E esta tem vindo a ser uma zona problemática a vários níveis, como é o caso da droga...
Sim, apesar de estar melhor, porque o Casal Ventoso acabou... para além da droga havia muita gente a roubar, mas as crianças podem vir para aqui, fazem desporto e os pais ou avós vêem buscá-los. Isto é bom para todos e tem diversas vantagens porque não fumam, não bebem e têm os tempos livres bem ocupados...

Como é que foi a festa dos Campeões?
Ficámos todos molhados com champagne e o resto da festa está ainda por marcar, mas será este mês! Andamos a contactar clubes para ver quem está disponível e porque queremos jogar com uma equipa com algum nome, para entregar as taças e as medalhas...

Quantos atletas de hóquei tem o CACO?
Incluindo o que estão em aprendizagem temos 55. As crianças acompanham todos os jogos em casa e incentivam a equipa... é engraçado porque há vários miúdos que estudam em determinada escola da zona e convidam os colegas que vêm ver, gostam e começam a acompanhar... é nossa pena não podermos ter os escalões todos por uma razão simples: precisamos de pagar 4 funcionários, segurança social, àgua e luz... o Clube não tem dívidas mas é complicado manter isto tudo e temos de alugar o espaço físico, daí que não possamos ter mais modalidades!

Quais seriam as alternativas ao aluguer do espaço?
Penso que poderíamos ser apoiados pela Câmara Municipal, pelas Juntas de Freguesia e pelo próprio comércio local do Bairro, pois não lhes custaria muito terem um placard a anunciar, mas as coisas não estão muito vocacionadas... ainda há dias estive em Espanha, onde todas as equipas têm o patrocínio de empresas privadas! Campo de Ourique ajudou-nos a avançar para o campeonato, porque os transportes são caros, o material de hóquei é caríssimo, com ivas e tudo isso – que não se percebe –as coisas têm-se conseguido, mas para o ano ou temos patrocínio ou não pode haver hóquei sénior!

Isso significa que a equipa de hóquei corre o risco de se extinguir já em Outubro?
Sim, e esses apoios teriam de ser confirmados até meados de Junho... Estou a tentar arranjar um patrocínio, porque se não for assim é impossível! De há uns anos a esta parte o Estado cortou as verbas, os clubes pagam a arbitragem e a dobrar aquilo que os árbitros recebem, pagam a taxa de organização de jogo e paga-se o policiamento, ou seja, um jogo em casa fica a 600 ou 700 euros a uma 3ª divisão! Eu vou ter 15 jogos em casa e é só fazer as contas!

“Com metade do dinheiro dos clubes das ilhas, eu era campeão nacional!”

Todas as equipas nacionais se deparam então com esta despesa?
Sim, só que as equipas de fora de Lisboa têm carrinhas da Junta de Freguesia ou da Câmara e nós não temos nada! Dispomos apenas da carrinha do Capela (o presidente do Clube) e mais um ou outro jogador que leva o carro...
Temos de pagar as deslocações e só não pagamos a viagem às ilhas porque é patrocinada pela Federação Portuguesa de Desporto!

Já pediram apoio às entidades mencionadas?
Sim, já apresentei a situação à Junta de Freguesia de Santa Isabel mas não obtive resposta... Como tal, se não encontrarmos um patrocinador mantemos a equipa dos mais novos, mas acabamos com o hóquei sénior, porque o Clube não se pode endividar!
Eu também podia pegar no Clube e passar as responsabilidades à Junta, mas eu gosto disto! Eu joguei cá, o meu filho também e é cá que a malta tem os amigos, mas por vezes torna-se complicado…

Se surgisse um patrocínio, o CACO tinha possibilidades de ir até onde?
Com um patrocínio o CACO ia até ao topo! Eu, com metade do dinheiro - que é o caso dos clubes das ilhas, que recebem fortunas - era campeão nacional! Não é preciso muito dinheiro, 30 a 40 mil euros são o suficiente para subir! Mas não tenho contado com apoios e estou convencido que com este executivo da Câmara é assim que as coisas se vão manter!
Precisa de haver alguém a puxar por este país… nós recebemos zero, e se o dinheiro que gastamos com material, com treinadores e técnicos fosse patrocinado podíamos investir nos seniores!

Para além desta têm outras modalidades...
Temos o judo, cuja sala foi remodelada com o apoio do vereador Pedro Feist que já aqui jogou andebol, temos o karaté e o aikeduu, entre outros...

Já conseguiram outros apoios da Câmara Municipal?
Temos projectos pedidos para uma nova cobertura, porque as paredes são do Campo de Ourique mas o campo e respectivas bancadas são da Câmara. O que se passa é que o Município não tem o cuidado de se preocupar com o que lhe pertence e as coisas têm a tendência de degradar-se! Eu não percebo! Devíamos ter em conta o bem-estar da juventude e dos idosos que aqui fazem manutenção graciosamente... a dada altura chegamos à conclusão que não há dificuldades para uma coisa mas que as há para outra! É muito complicado...
Pedi à Câmara para nos ceder um terreno para parque de estacionamento, por exemplo, mas está tudo em águas de bacalhau. É engraçado porque a Câmara enviou uns técnicos ao local e qual não foi o meu espanto quando hoje recebi um fax a indicar que têm de ser feitas intervenções nuns esquentadores que temos no exterior. Não sei quem fez a vistoria, mas os esquentadores estão ao ar livre e têm um telheiro por cima… aquilo não oferece qualquer perigo mas vou-me comprometer a fazer a obra desde que a Câmara dê o dinheiro!

Sabemos que no ano passado surgiram algumas queixas quanto à arbitragem. O que é aconteceu?
Os chamados caldinhos não acontecem só no futebol… tivemos um árbitro da Associação do Ribatejo e que martelou sempre no Campo de Ourique e vou-lhe dar um caso: faltavam 7 minutos para acabar um jogo e de repente o árbitro puxou de 3 cartões azuis (suspensão) a 3 jogadores diferentes e a seguir deu vermelho directo a um substituto que não tinha feito nada! Um outro árbitro, no Entroncamento, fez o mesmo… este ano, felizmente, isso não aconteceu. O Campo de Ourique venceu todo o campeonato, só perdemos um jogo mas as equipas de arbitragem foram mais ou menos impecáveis e não tivemos razões de queixa escandalosas! A arbitragem da zona Centro, meus amigos… já ando nisto há 40 anos e sei distinguir quando um tipo é nabo, aí temos de dar o desconto, mas o pior é quando as coisas são feitas com intenção!

Os jogadores de hóquei são todos de Campo de Ourique?
Não! Temos jogadores que aqui andaram há alguns anos, depois saíram e andaram por outros clubes e o ano passado voltaram a regressar.

M.A. / L.P.

Ambiente

Bairro abandonado… Ambiente tramado!

Pelo Bairro há janelas fechadas que ocultam fantasmas. Casas desertas que num ciclo sem fim revivem as vidas de quem lá viveu. É assim que se poderia resumir o que acontece um pouco por toda a cidade. As casas desertas e os prédios devolutos são mais do que muitos, somando cerca de 60 mil. Em 1981, a população de Lisboa ascendia a 807.937 habitantes; em 1991 eram menos 18% - 663.394 habitantes, enquanto que em 2001 existiam 564.657 habitantes, menos 30% do que em 1981. A pergunta que podemos fazer é: “Em 20 anos, de 1981 a 2001, para onde foram 243.280 pessoas?”. Bem, não podem ter morrido tantas pessoas! E, efectivamente, não é esta a explicação. Assim, descontando os que morreram e os que saíram de Lisboa para viver e trabalhar noutro local, a maioria mudou-se para cidades e urbanizações que se vão desenvolvendo na periferia da capital. Isto acontece porque é impossível, para a maioria dos que nasceram e cresceram em Lisboa, comprar ou alugar uma casa dentro da cidade. A culpa reparte-se, provavelmente em partes iguais, entre ordenados baixos e especulação imobiliária. Imagina-se a comprar um T1 em Campo de Ourique por 130 mil euros e ficar a pagá-lo durante os próximos 40 anos? Ou será que prefere gastar 115mil € por um T3, com garagem, numa qualquer cidade-dormitório na periferia da cidade? Os que nasceram em Campo de Ourique dirão que prefeririam continuar a viver no melhor bairro de Lisboa, mas… Pois, cá está o “Mas…”, aquele que fala sempre mais alto - €.

Esta conjuntura faz com que os bairros fiquem menos habitados, à medida que a população envelhece e que os jovens procuram a sua 1ª casa. A debandada da cidade também coincide com o aumento da degradação dos imóveis, levou ao encerramento de excelentes escolas, como era o caso da Escola Secundária de Machado de Castro e a uma migração de milhares de pessoas que todos os dias vêm trabalhar para Lisboa, muitas nos mais de 400 mil automóveis que entram na cidade.

Se todas as 60 mil habitações que estão devolutas estivessem habitadas pelas 243.280 pessoas que Lisboa perdeu em 20 anos, isto corresponderia a 4 pessoas por casa. Se considerarmos que por cada casa abandonada em Lisboa se construiu 1 na periferia, se de cada 2 destas casas viesse 1 automóvel para a cidade, se este percorresse 40 km por dia de trabalho (cerca de 230 dias por ano) e se fosse um automóvel novo com emissões de dióxido de carbono (CO2) médias (142 g/km) então, ao final dum ano de trabalho, teriam sido lançados desnecessariamente para a atmosfera quase 40.000 toneladas de CO2. O CO2 é um gás, o tal que provoca o efeito de estufa, fenómeno que induz o aquecimento global, degelo das calotes polares e aumento do nível médio das águas do mar. Claro que ainda falta contabilizar o impacte resultante da conversão de terrenos naturais em terrenos urbanos e da obtenção de matéria-prima para efectuar estes novos edifícios, o dinheiro gasto em novos acessos rodoviários e no alargamento da rede de transportes e, por fim, o precioso tempo que cada cidadão perde todos os dias para chegar ao seu local de trabalho.

Em suma, a má gestão das cidades e deixar que as leis do mercado imobiliário tenham o papel principal nessa gestão não favorecem os cidadãos e o seu bem-estar, o renovar dos bairros e muito menos o ambiente. Vale a pena reflectir sobre este assunto, porque nunca nos podemos esquecer que a Terra não é só nossa, é também de todas as gerações vindouras.

Pedro Morais

Feng-Shui

Aplicar o Feng-Shui no Quarto

O quarto é uma divisão yin, com a principal finalidade de dormir e recuperar energias. Para conseguirmos um sono mais tranquilo é importante mantermos este espaço sempre arejado e desimpedido.

O Yin e o Yang são duas forças independentes em movimento equilibrado. Por um lado temos a escuridão, o frio e o feminino como forças yin, ao passo que a luz, o calor e o masculino são yang. É o equilíbrio entre estes dois pólos que sustenta a vida e proporciona que a energia flua naturalmente. Se num espaço que se pretende mais yin (mais tranquilo), como é o caso do quarto, temos uma sobrecarga de energia yang, estamos a provocar um desajuste energético, além de desvirtuarmos a finalidade dessa divisão. Já num espaço onde pretendemos que haja dinamismo utilizarmos muito os tons frios (mais yin), não o estaremos a potenciar.

Nas nossas casas, os quartos de dormir são divisões yin. Já a sala de estar é uma divisão yang, própria para o convívio, bem como as restantes áreas sociais da casa. No quarto, a finalidade é podermos dormir tranquilamente e conseguir recuperar energias, logo, não o deveremos activar em demasia. Aparelhos como a televisão, telemóveis ou aparelhagem de música não deveriam estar no quarto, pois além de emitirem ondas electromagnéticas nocivas à saúde, estão a perturbar uma zona de descanso.

Se um computador e restante material de estudo e trabalho não puderem estar senão no quarto, o ideal é criar uma separação entre o espaço de dormir e o espaço de trabalho. Poderá ser um biombo, por exemplo.

A cama deve estar colocada de forma a que a pessoa quando deitada possa ver quem entra no quarto (para minimizar sentimentos de insegurança) e os pés da cama também não devem estar virados para a porta do quarto. De preferência, a cama deveria estar colocada diagonalmente oposta à porta.

É necessário muito cuidado ao utilizarmos espelhos no quarto, pois estes nunca deverão reflectir a cama, pois originam uma separação energética e uma sensação de desconforto (basta a pessoa acordar durante a noite e assustar-se com o reflexo).

Devemos ter uma cabeceira sólida (o ideal é estar encostada a uma parede), para assim nos sentirmos protegidos enquanto dormimos. Se possível, devemos evitar ter a cabeceira encostada a uma parede com janela. Também não deverá estar encostada à parede de uma casa de banho ou cozinha, por serem zonas de escoamento (nada benéficas à luz do Feng-Shui) e também porque a água ao percorrer os canos perturba o sono.

No tecto, por cima da cama, nunca devem haver vigas. Estas são consideradas um shar (má energia), pois provocam a sensação de perigo e insegurança.

O colchão deve estar a uma altura considerável do chão, caso contrário, o corpo vai absorver energia muito yin, daí ser muito importante manter este espaço arejado. Se tivermos gavetões de arrumação por debaixo da cama é importante que o seu conteúdo não nos traga más recordações ou preocupações, o ideal é guardar aí apenas roupa e pouco mais, para não termos um sono perturbado.

A utilização de água nos quartos é um dos principais tabus do Feng-Shui. Não devemos ter água no quarto (nem mesmo representações deste elemento, por exemplo um quadro). Por um lado, a água mais parada aumenta a faceta yin do próprio quarto (podendo provocar melancolia) e a água mais movimentada (uma fonte, por exemplo), por ser demasiado yang, choca com a principal finalidade do quarto (dormir e recuperar energias).

Também aí não devemos ter plantas vivas, mas já a utilização de plantas artificiais ou representações não levantam qualquer problema. As peónias simbolizam o amor, por isso um quadro ou uma imagem com peónias são utilizados nos quartos, para activar os relacionamentos (que correspondem ao sector sudoeste). Este sector também pode ser activado colocando aí objectos em pares, que simbolizam o casal. Os cristais de quartzo rosa são também muito utilizados para este fim.

Não convém termos fotografias de família ou amigos expostas no quarto, porque vão activar um espaço que não o é suposto ser. Já fotografias da própria pessoa ou do casal poderão estar patentes.

Para confirmarmos se temos ou não energia estagnada em alguma divisão da casa, podemos fazer uma limpeza com incenso (por exemplo de arruda ou benjoim). Ao sair de casa, acendemos um pau de incenso nas divisões que mais utilizamos (quartos, salas, ...), e quando voltarmos, verificamos se o aroma do incenso se faz ainda ou não sentir. Se não persistir o aroma, possivelmente a energia dessa divisão está estagnada, ou seja, não está a fluir. Quando isto sucede, há que verificar primeiramente o que poderá estar a causar este bloqueio energético: no caso do quarto, devemos confirmar entre várias coisas, se a cabeceira está posicionada de forma correcta, se os espelhos reflectem ou não a cama, se há representações de água (...) e só depois procedemos às alterações, que muitas vezes não passam de pequenos ajustes que representam uma grande diferença.

Cristina Almeida
Consultora de Feng-Shui
cristina.i.almeida@gmail.com

Automóveis

Chrysler Sebring 2.0 CRD Limited
Rasgos de estilo

A nova silhueta da mais recente geração do Chrysler Sebring veio conferir-lhe um maior glamour. Mas este automóvel é bem mais do que apenas estilo…

O design do Chryler Sebring 2.0 CRD Limited trouxe uma nova frescura ao modelo. Este novo visual, com o capot rasgado, tornou o Sebring mais europeu e cativante, e menos “banheira”.
Todavia, isso não impede que a sua passagem seja brindada pelo virar de muitas cabeças curiosas.
O interior requintado convida a longas horas de condução, dado o conforto dos bancos, a ambiência, a qualidade dos materiais e de construção.
Ar condicionado automático, fecho central com comando, vidros eléctricos automáticos, seis airbags, sistema áudio MP3, computador de bordo, faróis automáticos e faróis de nevoeiro, são alguns dos elementos que constam na longa lista de equipamento.
O condutor dispõe, além de uma excelente posição de condução, de diversos dispositivos de auxílio à condução, caso do controlo de tracção e do ESP.
O seu banco é regulável electricamente e através do volante forrado a couro, ajustável em altura e profundidade, pode comandar o sistema áudio Boston e o cruise control.
Dinamicamente o Chrysler Sebring 2.0 CRD Limited mostra-se acima das expectativas. O propulsor, que se revela silencioso, redondo e com uma entrada progressiva do turbocompressor oferece uma boa resposta ao acelerador em qualquer regime de trabalho.
Apesar das suas dimensões do Sebring, o comportamento em estrada livre ou em percursos mais sinuosos é de alto nível. O bom equilíbrio entre o chassis e a suspensão, de taragem firme, garantem a confiança q.b. para alguns devaneios motrizes.
Na cidade este vistoso automóvel flui com naturalidade e conforto por entre o tráfego. Disso são responsáveis a boa resposta do motor em baixos regimes e o desempenho da suspensão. Apesar da sua firmeza assegura um bom conforto de todos os ocupantes.
Nota positiva para os consumos que, tanto em cidade como nos andamentos mais vivos, se traduzem em valores equilibrados.
Um carro muito cativante, cuja “pecha” — devido à nossa fiscalidade ­— e o montante pedido pelo requinte e pelos rasgos de estilo.

Ficha Técnica

Cilindrada (cc) 1968
Potência máx. (CV/rpm) 140/4000
Binário máx. (N.m/rpm) 310/1750
Emissões CO2 (g/km) 187
Velocidade máx. (km/h) 201
Aceleração 0/100 km/h (seg. 11,8
Consumo misto (l/100 km) 6,2
Preço versão (€) 37.405

Túlio Gonçalves

Automóveis

Hyundai Tucson 2.0 CRDi VGT 4x4 Style
Para o TT urbano

O Hyundai Tucson 2.0 CRDi VGT 4x4 Style é um bom exemplo de um veículo cujo preço (derivado aos impostos) lhe impede de ser a escolha de muitos consumidores. E é pena, pois a sua costela citadina é um dos seus grandes atributos!
É claro que as dimensões de um SUV não são as mais indicadas para uma utilização urbana, na hora de estacionar. Contudo, este tipo de veículo assume-se cada vez mais como um citadino puro e duro.
Passemos a explicar. Face ao estado cada vez mais degradado dos pisos dos bairros lisboetas (e do resto do País), um SUV ou um TT revelam-se como os únicos capazes de garantirem apreciáveis níveis de conforto. Tudo porque a sua suspensão e carroçaria para isso estão pensadas.
As agressões dos buracos e protuberâncias do pavimento causam, portanto, menos “mossa” na estrutura da viatura, bem como na carteira na hora da revisão.
Por seu turno, os ocupantes agradecem não só a boa “digestão” dos pisos tipo picada, mas também a correcta taragem da suspensão na altura dos andamentos mais rápidos.
O interior deste Hyundai Tucson 2.0 CRDi VGT 4x4 Style é bastante acolhedor e confortável, sendo que o condutor encontra facilmente uma correcta posição de condução. Ao ser bastante alta é outras das vantagens deste veículo na condução citadina.
Quanto ao equipamento da versão Style, poucos são os opcionais a acrescentar, já que esse nível é o mais alto da gama 2.0 litros CRDi 4x4 .
Tanto em cidade como em estrada, o Hyundai Tucson tem no seu motor 2.0 CRDi VGT um grande aliado, já que os 140 CV e o binário máximo de 305 N.m ­— debitados às 4000 rpm e constante entre as 1800~2500 rpm, respectivamente —, lhe conferem um grande fôlego.
A caixa de seis velocidades é fácil de manusear, sendo fácil seleccionar a relação pretendida. Para accionar o sistema 4x4 basta pressionar o respectivo botão, para podermos desfrutar, desta vez por opção, dos pisos mais acidentados e do contacto com a Natureza.
A fechar com chave de ouro os atributos deste SUV, temos os consumos. O misto fica-se, segundo a marca, na casa dos 7,1 l/100 km e o urbano na casa dos 8,9 litros. Valores muito interessantes tendo em conta as dimensões do veículo em questão.

Ficha Técnica

Cilindrada (cc) 1991
Potência máx. (CV/rpm) 140/4000
Binário máx. (N.m/rpm) 305/1800~2500
Emissões CO2 (g/km) 187
Velocidade máx. (km/h) 179
Aceleração 0/100 km/h (seg. 11,1
Consumo misto (l/100 km) 6,8
Preço versão (€) 38.475

T.G.