Igreja Paroquial de Santo António de Campolide
Volvidos 14 anos de ser distinguida como imóvel de interesse público pelo Instituto Português do Património Arquitectónico – IPPAR, a antiga capela setecentista permanece em busca de apoios para avançar com as tão necessárias obras de recuperação. Servindo de rosto às traseiras da Universidade Nova de Lisboa, a Igreja tenta resistir às investidas do tempo e do esquecimento de aquém de direito e nem a faixa gigante que lhe reveste o topo e alerta que está “a cair aos bocados” convence os (in)fiéis: é urgente reabilitar esta “Maravilha”!
Escondida entre prédios, mas num topo distinto, a Igreja de Santo António de Campolide tenta alertar os transeuntes com uma faixa que indica “a cair aos bocados”.
Para além dos andaimes que contrastam com a beleza do espaço interior, maior é o choque ao subir as escadas e aceder ao primeiro andar. No topo, uma estrutura de rede impede que o tecto caia sobre a cabeça de quem ali teve catequese mas que por motivos de segurança já não a tem.
Ao abrir uma nova porta, a surpresa é maior. Por um lado, madeiras empurram os vidros “por causa do vento”, por outro os baldes que recebem a chuva acumulam-se nas diversas salas... na antecâmara da galeria, buracos no tecto; na capela baptismal, idem-aspas; no coro, humidade...
João Nogueira é pároco na Igreja há quase 9 anos e desde então tem vindo a lutar pela recuperação da infra-estrutura.
“A Igreja é propriedade do Ministério das Finanças, da Direcção Geral do Património”, declarou o padre, que já procurou apoio diante dessas entidades como também da Câmara Municipal de Lisboa e do IPPAR, mas apesar das tentativas a resposta concreta tende a não chegar, “só nos papéis”...
À semelhança do que aconteceu com o Jornal do Bairro, a faixa de reclamação já suscitou a curiosidade de outros orgãos de informação, como foi o caso da “RDP, do Público ou da RTP1, com o programa Regiões”, mas nem a divulgação de tal abandono parece trazer resultados!
“Para a cobertura seriam necessários de 80 a 100 mil euros” avançou o padre, “mas há muito mais a recuperar”!
Apesar de, em 1993, ter sido distinguida como imóvel de interesse público pelo IPPAR, “em ’98, quando cá cheguei, a degradação já era acentuada” e “desde os anos ’80 que o meu antecessor tentava avançar com obras de recuperação”.
A missa que João Nogueira ali celebra, às 18:30 horas de segunda a sexta-feira, conta com uma população maioritariamente idosa, se bem que o domingo sirva até cerca de 180 pessoas, que assistem à missa paroquial.
Poucos mas bons e apesar da degradação visível, o pároco defende que “o importante é resistir”, tal como tem vindo a fazer ao longo de anos de luta frustrados...
Provedor da Justiça adverte Ministério das Finanças
Entre as inúmeras tentativas de apelo às obras, o padre João Nogueira contactou o provedor da Justiça, cuja resposta foi divulgada aquando o fecho desta edição. Segundo a Agência Eclesia, o provedor avançou com uma recomendação ao Ministério das Finanças, para que este encontre uma solução urgente para a realização de obras.
“O pároco recebeu a recomendação do provedor como sinal de que há quem se preocupe com a degradação do edifício, mas acrescentou que o proprietário do imóvel já admitiu que não há dinheiro” avançou a Eclesia.
De acordo com a mesma fonte, “o sacerdote acrescentou que o processo para a realização de obras avançou ainda no tempo
Contactada pelo Jornal do Bairro, Rita Magnini, assessora da Direcção Geral do Património, não avançou quaisquer esclarecimentos quanto a obras ou intervenções previstas.
Mónica Almeida
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