12.4.07

Túnel do Marquês

RÉS-VÉS INAUGURAÇÃO

O Túnel do Marquês vai ser inaugurado em Abril, assim que “os testes de segurança e de ventilação” que estão a ser efectuados no local tenham resultados positivos, avançou Cristina Valério, assessora do presidente da Câmara Municipal de Lisboa - CML, ao Jornal do Bairro.

Apesar da data da inauguração ainda não estar definida, os trabalhos à superfície já estão concluídos, faltando apenas terminar a rampa de saída para a Avenida António Augusto de Aguiar, que vai permanecer fechada dependendo de uma empreitada da Linha Amarela do Metropolitano de Lisboa que ainda não dispõe de prazo para arrancar.

Este é mais um dos dramas do Município que parece ter os dias contados. O Túnel partiu de uma proposta de Pedro Santana Lopes, presidente da CML, em 2002. A ideia era que o troço estivesse a funcionar em meados de 2004, não ultrapassando a obra mais do que 72 semanas.

Na passada semana, o ex-autarca admitiu mesmo, numa conferência alusiva ao tema “Os Problemas de Lisboa”, que este Túnel é “o mais seguro de Lisboa” e “quase” o mais seguro da Europa.

Segundo Carmona Rodrigues, presidente da CML, as diferenças entre a infra-estrutura actual e a projectada pelo anterior executivo são visíveis, até porque “este é bem melhor, melhor fundamentado e mais seguro”, declarou.

No entender de Carmona, as vantagens existem “não só nas alterações estruturais, como na velocidade limitada a 40 quilómetros/ hora e controlada por radares e câmaras, na proibição à circulação de pesados, no piso rugoso e no facto de dispor de uma grua, para acudir em caso de empenagem e de duas saídas de emergência, além das entradas e saídas existentes de 150 em 150 metros”.

A luz ao fundo do Túnel

Desde que a ideia surgiu que muitas vozes se levantaram contra, entre elas a do agora vereador Sá Fernandes, que em 2004 lhe interpôs uma providência cautelar e a da Quercus.

A Associação de Conservação da Natureza acusou a CML de dificultar o livre acesso à pouca documentação existente, a ausência de estudos de tráfego que indicassem quais as zonas de maior problemática de acessibilidades e a inexistência de um estudo de Impacte Ambiental.

Para contribuir para a dor de cabeça de Santana Lopes, em 2003 a Quercus promoveu uma recolha de 5 mil assinaturas que tinham em vista a realização de um referendo sujeito à questão:

“Concorda com a construção do denominado Túnel das Amoreiras, concretizado no Desnivelamento em Túnel da Av. Joaquim António de Aguiar até à Praça do Marquês de Pombal com saídas para a Rua Artilharia um, Av. Fontes Pereira de Melo e Av. António Augusto de Aguiar aprovada pela Câmara Municipal de Lisboa em 23 de Maio de 2002?”

O referendo não se concretizou mas foram vários os grupos de ambientalistas que alertaram para o facto se estarem a desviar muitos dos lençóis de água da cidade para a zona ribeirinha.

Volvidas as 72 semanas de obra prometidas em 2002 e serenados os ânimos da discórdia, passados 5 anos, o Túnel acabou por ser construído. A sua extensão é de 1.250 metros e conta com duas vias em cada sentido. O objectivo é desnivelar o troço Amoreiras - Marquês de Pombal - Fontes Pereira de Melo com um prolongamento opcional para a Av. António Augusto de Aguiar.

Aberta a circulação automóvel ao Túnel do Marquês, este percurso rodoviário deverá ser mais fácil, prometendo desnivelar os percursos directos de entrada e saída no centro e libertando a superfície para os transportes públicos e para a circulação local.

Esta pode – ou não – ser a luz ao fundo de um Túnel que há muito deixara às escuras as Freguesias vizinhas. O JB vai acompanhar a situação!

Mónica Almeida

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