Leitura e Leitores em Campo de Ourique
À volta de tal frondosa árvore, existia um banco redondo, onde os habitantes do Bairro, mais dados a estas coisas de Cultura, mergulhavam na leitura de livros e jornais, postos à sua disposição pela Câmara Municipal de Lisboa. Os funcionários responsáveis apresentavam-se impecavelmente fardados: azul escuro no Inverno, cinzento no verão, de boné posto e reluzentes botões metálicos alinhados no dolman.
Eram pessoas simpáticas, amigas dos jovens (e menos jovens) frequentadores da Biblioteca. Lembro-me, ainda, dos nomes de dois deles: o Ferdinando e o Rebelo.
Actualmente, na área ocupada por aquele pequeno espaço cultural, não existem árvores nem lagos, mas sim aquelas mesas, onde reformados, desempregados e desocupados se entregam a renhidos jogos de cartas.
A não existência de bibliotecas não significa que a população de Campo de Ourique ficasse arredada da Cultura, no seu sentido mais lato, nos anos de minha juventude e em épocas anteriores (isto há meio século, mais coisa, menos coisa…). A existência de dezenas de colectividades de recreio, algumas centenárias, onde o povo tinha acesso ao Ensino, ao Teatro Amador, à Música, ao Desporto; a existência de um Cinema (o Europa), de livrarias, de cafés, cervejarias e tabernas, onde o convívio não se limitava ao consumo e a conversas triviais; era tudo isto espaço de aprendizagem e de troca de conhecimentos e de experiências.
E existia (existe!) a Cooperativa “A Padaria do Povo”, fundada em 17 de Outubro de 1904, para fornecer pão mais barato às classes necessitadas de Campo de Ourique e Campolide. Aqui funcionou, a partir de
Também não quero nem devo esquecer o “Carreira
Para quando uma Biblioteca neste Bairro? E porque não um Cinema, um Teatro, um Centro Cultural? Parece-me que aqui existe um público para todas essas ofertas…
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