Bem-estar
Educação Positiva…
Assim como as flores que compõem um jardim têm diferentes formas, fragrâncias e cores e nisso está a sua variedade e beleza, da mesma maneira, cada criança, cada ser humano, é uma flor única e especial. A beleza de um não deprecia o valor do outro; esta é a visão do educador que percebe a especialidade de cada “flor”.
Deve haver o cuidado de nunca comparar personalidades, trabalhos e maneiras diferentes de apreender o mundo.
A expectativa de um comportamento padrão e uniforme muitas vezes afasta a possibilidade de reencaminhar crianças que apresentem desvios de comportamento, fazendo com que percam a esperança em si mesmas, pois foram ressaltadas as suas fraquezas.
O professor que deseja renovar a forma de ver os seus alunos deve, em primeiro lugar, trabalhar consigo a percepção do seu próprio valor. Todo o ser humano é bom, perfeito e virtuoso em essência.
A origem etimológica da palavra "educar" é colocar para fora. Pôr para fora, nada mais é do que o exercício do despertar das qualidades, valores originais do ser, bem como a criação do ambiente propício para o seu desenvolvimento.
Se partirmos do pressuposto de que a criança não tem paciência, boas maneiras, organização, etc., e que cabe ao educador criar estas qualidades nela, o trabalho será extremamente estafante para ambos, porque a premissa inicial é negativa. Mas, se em vez disto, a criança é vista como um ser rico internamente, que possui em si todas as qualidades mais belas, como amor, paz, harmonia, etc., só caberá ao educador despertar essas qualidades, através de uma estimulação constante, com confiança no que há de melhor nela. Esta percepção, que parte de um princípio positivo, gerará nova energia fluindo do professor para o aluno numa relação de respeito, amor e cumplicidade.
Por exemplo, jamais se deve afirmar algo negativo que a criança expresse como a sua verdade: - “Tu és teimoso! Tu és desastrado!” Mas, ao contrário, questionar com ela "Onde está o amor que existe dentro de ti? “Ou - "Onde está a tua paz?”
Neste momento a criança buscará o seu melhor e isto a auxiliará na construção da sua auto-estima.
O amor é a principal fórmula facilitadora do processo educativo e sem uma visão positiva é impossível deixar fluir este sentimento.
Sempre que houver tempo, deveria ser dada atenção especial a cada criança, individualmente. Se não há proximidade pessoal, o laço afectivo é fraco e sem afectividade a criança não responde bem às propostas. Na sala de aula, uma palavra, um gesto de atenção e preocupação do professor com o bem-estar do aluno, são muito eficientes.
Ao focalizar as negatividades, repetidamente, as aulas tornam-se comuns e cansativas. Falar muito sobre algo negativo, mesmo que para corrigir, acaba por ter um efeito de reforço. Por exemplo: quando uma criança faz algo errado, em vez de se dirigir a ela publicamente, evidenciando o seu erro, dirija-se a outra que esteja certa e chame a atenção do grupo para ela. Geralmente o objectivo da travessura é chamar a atenção para si. Isto não significa que o professor deva ficar omisso em relação ao erro. Um outro método é dar destaque, não ao erro, mas sim a algo positivo da sua personalidade, desvalorizando a transgressão.
Alguns actos correctivos e conversas particulares são muito benéficos, desde que o professor consiga manter-se emocionalmente distanciado e sem irritabilidade. Quando algum aviso ou crítica são feitos em tom acusatório, a criança torna-se muito resistente.
Deve ficar claro para professor e aluno que o mau são as negatividades e não as pessoas. É importante que a criança se sinta amada no momento da correcção; isto ajudá-la-á também a libertar-se dos seus erros.
Ao compartilhar situações de correcção com a turma, todos compreenderão que o acto correctivo não objectiva gerar sofrimento, mas, ao contrário, é um auxílio para eles próprios se libertarem daquilo que os angustia, e assim sejam mais felizes.
A criança geralmente é subestimada em excesso, no que diz respeito à sua compreensão intelectual. A partir de uma certa idade, a criança pode e deve avaliar conscientemente os seus actos e corrigi-los, se for encaminhada para isto. Esta prática de auto-avaliação permitirá, inclusive, que a criança perceba o seu desempenho nas actividades escolares, tornando-se assim, mais participativa no processo da aprendizagem.
Hoje em dia o "mal" está mais na moda do que o "bem".
Algumas crianças fazem dos personagens maus os seus ídolos, porque eles parecem mais excitantes e espertos. A criança hoje não é atraída pelo bonzinho e tolo.
O professor deveria, portanto, mostrar que sabe da existência do mal, até mais do que os alunos, mas que optou consciente e inteligentemente pelo bem. Abordar as negatividades sem medo e desmistificá-las será de grande ajuda para eles.
Crianças com um intelecto mais activo não aceitam valores que lhes sejam impostos, sem um sentido lógico. Torna-se mais convincente para elas mostrar os efeitos das acções negativas que surgem no seu quotidiano.
A criança deve concluir e interiorizar por si mesma que a verdadeira esperteza é ser bom, pois isto é o que traz felicidade. E também, que ser pacífico não é ser passivo, ao contrário, é ser activo na criação de um mundo diferente.
Aquele que tem amor está naturalmente disposto a fazer o que é melhor para si e para os outros. Há nele uma generosidade natural. Todas as acções em pensamentos, palavras ou actos são motivadas por gentileza. Aquele que tem amor é naturalmente um doador e por isso recebe bons votos dos outros. Ser gentil e simpático com os outros traz gentileza e simpatia em retorno.
Quando o professor dá amor suficiente aos seus alunos, instala-se uma relação de confiança na sala; com isso, não é necessário muito empenho para corrigir os erros. É fundamental que o professor mostre também um olhar firme quando for necessário dar uma repreensão; isto não é falta de amor. Pelo contrário, a criança precisa de receber um limite do adulto e ela, inclusive, torna-se insegura se não o recebe. Quando a relação do professor com o aluno é realmente amorosa, só a ausência de um olhar afectuoso já é suficiente para corrigir a criança. Amor e lei jamais podem separar-se na arte de educar.
Observando a excitabilidade das crianças hoje em dia, será que é possível criar uma sala de aula realmente pacífica? Para criar um ambiente pacífico com os nossos alunos devemos antes de mais nada cultivar em nós mesmos este valor. Não adianta pedir-lhes algo que não estamos a oferecer. A transformação das atitudes excitadas das crianças vai acontecendo de forma natural e gradual à medida que elas ganham autoconfiança, se sentem seguras e amadas.
Primeiramente, nós professores, precisamos estar preparados e preparar os nossos alunos com uma atitude mental positiva e pacífica, antes das actividades, de forma que elas possam transcorrer com facilidade.
Através de tolerar as ideias de outras pessoas, vendo o valor das diferentes perspectivas, nós não nos ocuparemos na guerra dos intelectos, ideias e crenças.
Para haver união entre os membros de um grupo, é necessário primeiro que haja harmonia interna em cada um deles. É necessário, também, apreciação verdadeira de cada membro para com todos e isto só pode acontecer a partir de uma visão positiva. O que cria desarmonia é a necessidade de sobrepor-se ao outro, através da sua especialidade, inteligência ou poder de liderança. Personalidades preenchidas de ego não podem viver em unidade. Para haver unidade é necessária uma relação estreita e plena consigo mesmo, que assegure autoconfiança e neutralize a necessidade de se destacar no grupo, para compensar alguma lacuna. Por outro lado é importante exercitar ver o todo, antes de ver o benefício pessoal entendendo que na preservação do bem-estar do grupo, haverá naturalmente um retomo para o eu. É não criticar, não boicotar as ideias dos outros, mas pelo contrário, dispor-se a contribuir. A união tem uma ligação estreita com a cooperação. União é não aceitar que um aluno venha criticar outro, quebrando a relação de confiança. O professor é o instrumento responsável por manter a sua turma unida, criando sempre elos entre todos. O exercício constante da valorização de cada aluno individualmente, satisfará a sua necessidade de se auto-afirmar e com isto será mais fácil diluir os egos. As crianças gostam de pertencer a grupos, mas às vezes fecham-se nos seus pequenos círculos e excluem outros, neste caso, o professor deveria criar na turma o sentimento de uma grande família.
O melhor ensinamento é o exemplo. As palavras perdem-se no ar porque são abstractas, mas os registos das acções ficam impressos na consciência e certamente serão reproduzidos pelas crianças em algum momento.
O professor deveria estar atento para não fazer nada que não possa ser reproduzido pelo aluno. Evitar falar alto para pedir silêncio, por exemplo. A busca de uma coerência interna e externa, entre o discurso e a prática é fundamental, para a implementação de valores autênticos.
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