12.4.07

Ambiente

Óleo no cano? Não!

Muitos são os que gostam de um bife tenro acompanhado por boas batatas fritas caseiras. Certo, é que o óleo usado para fritar e voltar a fritar as nossas batatas, mais tarde ou mais cedo, tem sempre o mesmo fim - o cano de nossas casas! Assim, sem sabermos, estamos na origem duma catástrofe ambiental de pequena escala. Porquê? Porque cada litro de óleo que vertemos no cano é suficiente para contaminar aproximadamente 1.000.000 (um milhão!!!) de litros de água; o mesmo que cada um de nós consome, em média, durante 10 anos. Os litros de óleo que usamos durante um ano são muitos; ora são para batatas, petinga, jaquinzinhos, filhós, rabanadas e mais outras tantas iguarias. O grande problema é que estes “poucos” litros de óleo usado contaminam milhões e milhões de litros de água. Como todos nós fazemos isto em nossas casas, o volume de água contaminada é incomensurável.

De qualquer modo, não desanime. Pode fazer algo para evitar esta situação! Primeiro comece por não deitar fora a garrafa de óleo vazia. Guarde-a. Faça os seus cozinhados, as suas batatas fritas e fritos que tais e quando se estiver a preparar para deitar pelo cano o óleo usado… Pare! Vá buscar a tal garrafa de óleo vazia e verta lá para dentro esse óleo que estava quase a ir pelo cano. Tape bem a garrafa, feche-a num saco do lixo e deite-a no contentor. Este óleo vai agora para o aterro sanitário ou para a incineradora, deixando de causar um dano ambiental grave a um recurso cada vez mais precioso, a água.

Pensa que resolveu o problema? Não inteiramente! Ainda podemos fazer um pouco melhor. Sabia que o óleo alimentar usado pode ser processado e transformado em biodiesel? O biodiesel é um combustível, o mesmo que 18 autocarros da Carris já utilizam. Então a quem dar o óleo alimentar usado para que daí se fabrique biodiesel? Pois, aqui é que a situação se complica. Na verdade já existem algumas empresas especializadas um pouco por todo o país, mas apenas recolhem o óleo alimentar usado em restaurantes e cantinas. Ainda não existe um sistema de recolha global que permita entregarmos o óleo que usamos em nossas casas.

Eu lembro-me, que no início da década de 90, ia depositar o papel usado, jornais e revistas velhas no centro de limpeza da Câmara Municipal de Lisboa da Rua Correia Teles, em Campo de Ourique. O outro centro de recolha que conhecia ficava bem longe, na Av. Infante Santo. Na altura o meu pai dizia “se queres fazer reciclagem, vais lá tu levar o papel”! Agora, passados 15 anos, existem contentores de reciclagem dispersos nos bairros, não só de papel mas também de vidro e plástico. Ah, e agora quem recicla é o meu pai! Então, porque não começar por entregar o óleo usado, que afinal é uma matéria-prima em bruto, nestes centros de limpeza da CML? Por muito utópica que esta ideia possa parecer, seria excelente que as nossas juntas de freguesia (Alcântara, Campolide, Lapa, Prazeres, Sta. Isabel, Sto. Condestável e São Mamede) conseguissem implementar um protocolo com empresas de recolha de óleo alimentar usado para que estas aí instalassem os meios necessários à sua recolha. Assim, o óleo alimentar usado que era uma ameaça ambiental pode ser uma matéria-prima valiosa. Com a sua recolha generalizada alcançar-se-ia uma melhoria ambiental significativa e seria um exemplo a seguir pelas restantes freguesias da cidade e do País. O desafio está lançado!

Tudo isto, porque nunca nos podemos esquecer que a Terra não é só nossa, é também de todas as gerações vindouras!

Pedro Morais

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