2.2.07

Bairro do Tarujo


“VIVER NA MISÉRIA” EM CAMPOLIDE

O bairro do Tarujo é vizinho do Aqueduto das Águas Livres e da estação de comboios de Campolide. Apesar de se situar próximo do caminho rotineiro de quem vem de outros lados, o Tarujo é quase invisível aos olhos menos atentos dos transeuntes e a população diz-se mesmo “esquecida” pela autarquia.

Luís Manuel e Amélia vivem numa “casa rústica” à entrada do bairro do Tarujo, ele desde 1996 e ela desde 2002. Receberam há cerca de 3 meses a visita de assistentes sociais que lhes indicaram que o anterior Plano Especial de Realojamento – PER, deixou de fazer efeito e terá de ser criado um novo, para que em breve também eles tenham direito a uma nova habitação, à semelhança das famílias que há seis anos dali saíram para serem realojadas no Bairro da Serafina e no Bairro Padre Cruz, entre outros.

O alerta foi dado pela Lusa, que noticiou que “ervas altas, entulho, barracões abandonados e casas devolutas em ruína, algumas ocupadas por toxicodependentes e outras entregues aos ratos e cobras” seriam a realidade deste Bairro, características que o casal não nega mas reconhece já terem sido piores, “é verdade que existem aqui toxicodependentes, toda a gente corre com eles mas eles regressam”. Assaltos também não há a registar, o que acontece por vezes são brigas, mas regra geral Amélia não se diz perturbada.

O casal reclama estar a “viver na miséria”, e Luís Manuel lamenta ter os dois filhos - que lhe foram entregues pela anterior companheira - num colégio em Carcavelos, uma solução que teve o apoio da assistência social, afinal as crianças “não podem estar aqui porque vivemos numa barraca.”

Amélia denuncia que “existem pessoas que têm as casas alugadas para viver nas barracas e nós que queríamos ter os filhos ao pé não podemos”, porque apesar da Câmara Municipal de Lisboa ter prometido atribuir-lhes uma casa no Alto de São João, “o prometido não foi devido” e o casal aguarda a sua vez. Luís Manuel admite mesmo não ter sido realojado no decorrer do PER por se encontrar numa situação de contencioso com a Câmara relacionada com a anterior companheira.

Apesar de terem electricidade que pagam à EDP e de disporem de uma instalação para água canalizada, as torneiras não pingam e o casal tem de a ir buscar água à fonte. As paredes de cimento estão repletas de fendas por onde entra vento e chuva e o tecto também não resiste, “chove como se estivéssemos na rua”.

De acordo com a Lusa, “fonte do gabinete da vereadora do Urbanismo, Gabriela Seara, adiantou que o Plano Director Municipal prevê para aquela zona a elaboração de um Plano de Pormenor” e Jorge Gonçalves, presidente da Junta de Freguesia de Campolide terá avançado que “a Empresa Pública de Urbanização de Lisboa – EPUL, terá um projecto para ali construir 920 fogos, entre os quais alguns custos controlados e de habitação social”.

Para já, resta à população que ainda habita nestes espaços suportar o frio e as chuvas com que o Inverno as decidir brindar neste século XXI e em plena capital.

M.A.

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